Economia Titulo Seu bolso
Nova tabela do
IR já está em vigor

Quem ganha até R$ 1.637,11 está isento do imposto; existe,
contudo, uma defasagem na tabela de cobrança do tributo

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
04/01/2012 | 07:30
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Todo ano é a mesma coisa: em janeiro, a tabela do Imposto de Renda é reajustada para que os ganhos que o trabalhador conquistou no ano anterior não sejam totalmente corroídos pela cobrança do tributo. Até 2014 a correção aplicada será de 4,5%, percentual considerado como o centro da meta da inflação. Porém, até novembro de 2011, a inflação estava em 6,1%, ou seja, mesmo com o reajuste, existe defasagem, que fica ainda maior quando comparamos aos dissídios, que no ano passado ficaram, em média, entre 6% e 10%.

"Infelizmente a tabela não acompanha a nossa realidade. Os maiores beneficiários são os que estão isentos do imposto, cuja faixa aumentou de R$ 1.566,61 para R$ 1.637,11", aponta a coordenadora do departamento contábil da consultoria Macro BPO, Elaine Sodré.

De acordo com estimativas da Receita Federal, a renúncia fiscal gerada por conta da correção da tabela do IR será de cerca de R$ 2,5 bilhões. "Isso é muito pouco se considerarmos a arrecadação tributária de 2011, que chegou a R$ 1,3 trilhão. Sem contar que, com o ingresso de pessoas no mercado de trabalho formal, nesse período de pleno emprego, uma coisa compensa a outra, já que o pagamento de impostos aumenta", explica o consultor tributário do Cenofisco Jorge Lobão.

Outra mudança anunciada foi o aumento do valor a ser deduzido por dependente na declaração do Imposto de Renda, de R$ 157,47 para R$ 164,56. Essa mudança, entretanto, é válida apenas a partir da declaração do ano que vem.

NA PRÁTICA - O reajuste na tabela do IR é considerado pelos consultores positivo para os trabalhadores, pois ameniza as perdas que se tem com o pagamento do tributo. A alteração só não é vantajosa para quem, por conta do aumento salarial recebido no ano passado, mudou de faixa na tabela.

Por exemplo, quem recebia R$ 3.100 em 2011 e teve aumento de 8%, passou a ganhar R$ 3.348. Com a correção da tabela do IR, somada ao reajuste, mudou também de alíquota. Se antes se enquadrava em 15%, agora passou a 22,5%. Ou seja, pagava R$ 171,42 de IR e, agora, vai despender R$ 201,15. Diferença de R$ 29,73 a mais. Na prática, seu aumento salarial, em vez de R$ 248, será de R$ 219, justamente pelo valor pago a mais em IR (aprenda na tabela ao lado como fazer o cálculo).

 

Quem teve maior reajuste paga mais

Quem foi premiado com dissídio mais generoso no ano passado, caso dos metalúrgicos do Grande ABC, que tiveram aumentos de até 10,8%, inevitavelmente vão pagar mais Imposto de Renda neste ano.

"Isso porque, quanto maior o reajuste, maior também é a defasagem frente aos 4,5% da correção da tabela do IR", pondera o consultor tributário do Cenofisco Jorge Lobão. "É válido lembrar, também, que o Estado não tem a obrigação de corrigir nem em 4,5%. Porém, o que poderia ser feito para aliviar mais o bolso do contribunte era a ampliação das faixas da tabela, das atuais cinco para sete, talvez, sendo tributado em 22,5% quem ganhasse entre R$ 4.000 e R$ 10 mil e, acima disso, em 27,5%."

Outros grupos que acabam sofrendo mais com o pagamento do Imposto de Renda são os de trabalhadores que recebem o reajuste salarial no primeiro semestre. "Isso acontece devido ao fato de, mal a tabela ter sido corrigida e o salário já aumentar também, o que amplia e muito as chances de mudar de faixa e acabar pagando alíquota maior de IR", diz a coordenadora do departamento contábil da consultoria Macro BPO, Elaine Sodré.

É prejudicado, ainda, quem, embora tenha a data-base no início do ano, só receba os reajustes todos de uma vez, no fim ano, e somado ao salário. Inevitavelmente, por conta do alto valor, o imposto a ser pago será maior.

Já aqueles que têm dissídio salarial só no fim do ano são os que desembolsam menos com o pagamento do imposto.

A tabela da contribuição do INSS também será reajustada, porém, os novos valores serão divulgados somente no fim do mês.




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