Economia Titulo Veículos
Redução dos juros anima montadoras

Setor automotivo conta com medidas do governo federal
para amenizar os efeitos da crise internacional em 2012

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/01/2012 | 07:30
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A indústria automobilística vê 2011 pelo retrovisor, sem muita saudade, e espera encontrar pela frente cenário mais promissor em 2012, apesar do nevoeiro criado pelas incertezas da economia, por causa da crise europeia, que dificulta as previsões no segmento.

A avaliação é de que o segmento deve se beneficiar das medidas do governo federal para reativar as compras a prazo, a partir do segundo semestre do ano passado (como a redução dos juros básicos e diminuição do Imposto sobre Operações Financeiras, por exemplo).

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Cledorvino Belini, demonstra otimismo, ao projetar expansão de 4% a 5% nas vendas frente a 2011, após o fechamento do ano com alta de 3%. Significará, se concretizada, a comercialização de 3,77 milhões a 3,81 milhões de veículos neste ano.

Ele diz que não há motivo para pessimismo, já que houve a flexibilização das medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central (que tinham restringido os financiamentos no início de 2011). "Os juros estão caindo e haverá maior disponibilidade de crédito", afirmou recentemente o executivo.

O presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, disse, por sua vez, que há dificuldade em fazer projeções, em razão das turbulências no Exterior. Ele avaliou que, na pior das hipóteses, em 2012, o mercado automotivo deve empatar com 2011 e, na melhor, ficar 2% a 3% maior.

Expansão de 2% a 3% também é a expectativa do consultor André Beer, que é ex-presidente da Anfavea e ex-vice-presidente da General Motors. Ele assinala que a demanda existe, e com a perspectiva de redução de juros, a tendência é de melhora.

A relação de apenas seis habitantes por veículo em circulação no Brasil - em países desenvolvidos, gira em dois habitantes para cada carro - também abre espaço para que as vendas continuem crescendo, segundo o consultor.

INVESTIMENTOS - O segmento também reforçará investimentos. Serão US$ 22 bilhões aportados até 2015 só das empresas filiadas à Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores, sem incluir as "novas entrantes", como a JAC e a Chery, que já anunciaram a construção de fábricas no País.

Belini prevê que, até 2020, com a evolução favorável da demanda, o País saltará da atual sexta posição no ranking mundial de vendas de veículos para a terceira colocação.

CRISE - Apesar da avaliação positiva da Anfavea, especialistas observaram, já nos últimos meses de 2011, reflexos da crise na Europa. Por causa da dificuldade dos governos europeus em honrar compromissos, os bancos internacionais estão restringindo o crédito.

Esse fator, somado ao aumento da inadimplência no País, pode dificultar o acesso a financiamentos e atrapalhar o crescimento do setor. Isso porque em torno 60% das vendas de carros novos são a prazo.

 

Preço de importado vai subir com IPI maior

As montadoras instaladas no País ganharam, neste ano, um motivo para não reclamarem da concorrência com as importadoras de veículos: o programa de regime automotivo, que entrou em vigor dia 16 de dezembro e elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados em 30 pontos percentuais para os carros que não têm 65% de conteúdo local (de peças fabricadas no Brasil ou no Mercosul) - ou seja, todos os trazidos do Exterior, com exceção dos que vêm da Argentina e também do México, com o qual o Brasil tem acordo bilateral.

Isso significa aumento de preços dos carros que desembarcam, por exemplo, da China, do Japão e da Coréia do Sul. Os veículos do Exterior vêm em ritmo forte de vendas (de janeiro a novembro, registraram expansão de 32%, enquanto os nacionais tiveram queda de 1,4% nos licenciamentos frente ao mesmo período de 2010) no País, entre outros fatores, pelo câmbio favorável à importação e pela elevação da alíquota do IPI, que pode equilibrar um pouco a situação para os produtores nacionais. O repasse, no entanto, não será imediato e deve ocorrer gradualmente ao longo dos próximos meses.

COMPETITIVIDADE - O presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, cita ainda que a alta do imposto não resolve, apenas adia o problema de falta de competitividade do segmento no País. Estudo feita PriceWaterhouseCoopers cita os juros altos e o elevado custo de insumos (eletricidade, água e gás, por exemplo), como entraves para a atividade no Brasil.




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