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Incentivo desenvolverá elétricos
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
14/04/2010 | 07:00
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Divulgação


A produção do carro elétrico não é mais problema. A tecnologia está pronta para a linha de montagem, mas enquanto não houver escala só países que banquem incentivos a consumidores vão desenvolvê-la. É o que pensa uma das personalidades mais influentes da indústria automobilística mundial, o brasileiro Carlos Ghosn, presidente do consórcio Renault-Nissan.

"O elétrico tende a ser só veículo de nicho (onde não houver interesse dos governos em bancar subsídios)", afirmou o executivo, que assinou ontem em São Paulo com o prefeito Gilberto Kassab parceria que prepara infraestrutura para a chegada da frota elétrica na sétima maior cidade do planeta.

A partir de dezembro, o conglomerado franco-japonês começa a produzir em série o Leaf - compacto da marca Nissan que poderá circular na Capital paulista já no início do ano que vem. Ghosn afirmou que o carro será feito em fábricas nos Estados Unidos, Japão e França.

"Foram estes os primeiros países a acreditar e a adotar programas que incentivam a indústria a produzir o carro elétrico", disse.

Norte-americanos, japoneses e franceses vão receber descontos em impostos para abandonar veículos movido a combustível fóssil, vilão no aquecimento global.

Segundo Ghosn, o Leaf vai custar nos Estados Unidos o equivalente a um veículo convencional de sua categoria. "Com isso, está garantida a competitividade, que levará ao aumento da produção em escala", assegura. Em seguida ao Leaf, a Reanault passará a produzir outros modelos elétricos, como o utilitário Kangoo.

Totalmente elétrico, o Leaf não tem escapamento nem tanque de combustível. Sua autonomia é de 160 quilômetros - no ambiente urbano um carro roda em média 40 quilômetros diariamente.

As baterias podem ser recarregadas em casa em períodos de quatro a oito horas. Postos com tecnologia mais avançada podem dar carga rápida em meia hora, garantindo 80% da autonomia.

"Já pensou se São Paulo pudesse ter toda a sua frota assim", sonhou o prefeito Gilberto Kassab, ao lembrar que a cidade tem registrados 6,5 milhões de veículos responsáveis por mais de 70% da poluição ambiental. "Pretendemos usar os primeiros veículos de emissão zero até o final do ano", afirmou.

Questionado se o Brasil produzirá veículos elétricos, Carlos Ghosn afirmou ser necessário mercado interno mínimo de 50 mil unidades - fora exportações.

Uma eventual fábrica nacional também teria de ter capacidade para produzir a mesma quantidade de baterias de íon-tíon. "É cedo para falar em fabricação local", disse o executivo, mas ele não descarta a hipótese de uma planta no País se o governo brasileiro tiver interesse em apoiar o consumo do veículo elétrico.

Para o executivo, 10% da frota mundial será elétrica nos próximos dez anos. Essa previsão não leva em conta uma eventual crise do petróleo ou fortes mudanças climáticas. "Se houver elevação, por exemplo, no preço do barril do petróleo para US$ 200, a frota elétrica crescerá muito mais rápido nos próximos anos", disse.

Na visão de Ghosn, basta 500 mil a 1 milhão de modelos anuais para se alcançar a escala mínima para a queda no preço de produção dos carros elétricos. O planeta produz anualmente 60 milhões de veículos. "Dá para chegar lá", disse. A vontade é muito mais política do que tecnológica.




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