Várzea é sempre usada como exemplo para falar sobre futebol de má qualidade ou desorganizado. Mas, desta vez, é o momento em que a modalidade serve como ótimo exemplo para os clubes profissionais e torcidas uniformizadas do País. Entre hoje e amanhã, das 18h às 23h, no Paço Municipal de Mauá, a 1ª Festa das Torcidas Organizadas carrega a missão de mostrar que existe, sim, a possibilidade de manter o espírito de união da comunidade vivo e deixar a rivalidade ferver apenas dentro de campo.
A Liga Mauaense de Futebol Amador nasceu nos anos 1950 e é a maior de todo o Estado, com 320 equipes participantes. No total, são quase 8.000 pessoas envolvidas, entre elas, jogadores, responsáveis pela organização e equipe técnica. E uma vez que o público passa longe de ser pequeno – estima-se que 50 mil espectadores frequentem as temporadas –, fica evidente a necessidade de unir os mais fanáticos e despertar o espírito de paz e união.
A estreia da próxima edição está marcada para o dia 5. Seis campos passarão por revitalizações até o fim do ano. As reformas englobam a manutenção dos alambrados, os acessos, bancos de reserva, ambulâncias, além das formações – já concluída – de 24 árbitros para comandarem os jogos.
Na visão do representante da torcida Fúria Belenense, Ed Carlos Santos Carvalho – que acompanha o time do Macuco, do Zaíra, as torcidas estão com a “mente mais aberta”, e que hoje a integração está cada vez maior entre os oponentes. “Sempre vamos assistir aos jogos dos adversários e estamos sempre juntos. Não existe disputa de poder para vermos quem é melhor do que outro. Inclusive, famílias estão sempre lá. Diversão é o nosso lema”, diz.
No último domingo, apenas para comprovar a força da várzea, mais de 5.000 torcedores foram prestigiar a histórica disputa de pênaltis no campo do Juá, que só definiu o campeão da Copa da Amizade após 56 cobranças, com vitória do Vila Junqueira, de Santo André, sobre o Dínamo, de Mauá.
EXEMPLO
Segundo o presidente da Liga Mauaense, Aparecido Vicente Dias, o Tchaca, as torcidas organizadas dos times profissionais no País não foram criadas para torcer, mas sim para brigar e distorcer o sentido do que é ser apaixonado por futebol.
“As grandes torcidas não carregam a bandeira de integrar e socializar, e o contexto da paixão pelo esporte acaba se perdendo e até afastando pessoas”, diz. “Há quem pense que várzea é lugar de bêbado e desempregado, mas para quem está ali e vê com os próprios olhos, sabe que são só amigos buscando diversão”, conclui Tchaca.
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