Imagens divulgadas pela TV Globo na quarta-feira mostram policiais recebendo propinas para libertar traficantes. Testemunhas afirmaram que policiais de dois plantões diferentes controlam o tráfico, cobrando R$ 200 de “pedágio” para quem quer distribuir droga na região.

Alguns dos vendedores de drogas afirmaram ser forçados a trabalhar para os policiais. O policial Hélio Carlo Barba, um dos líderes do tráfico na área, teria torturado uma mulher grávida com chutes na barriga, além de esfaquear na perna outra envolvida com a venda de drogas na região.

O diretor do Denarc afirmou ter ficado “louco” com as denúncias. “Me atingiu profundamente”, declarou. Campos disse que “cinco ou seis ordinários não podem manchar toda uma corporação”.

O Denarc conta com 350 homens e apreendeu neste ano 720 quilos de cocaína, 61 quilos de crack e mais de três toneladas de maconha. Os policiais do departamento prenderam 1.104 pessoas neste ano.

Apesar da revolta, Campos afirmou que os policiais não podem ser presos antes de ser expedido um mandato contra eles. Ele afirmou que os policiais já foram afastados da corporação preventivamente, enquanto o Denarc faz uma apuração de 60 dias.

O promotor de Justiça José Carlos Blat, que acompanhou as investigações feitas pelos jornalistas da TV Globo, afirmou que o Ministério Público vai acompanhar as investigações do caso feitas pela Corregedoria da Polícia. Ele declarou que a “Justiça foi traída” pelos policiais corruptos.

Em 2001 a ouvidoria da polícia recebeu cerca de 100 denúncias contra policiais. Entre as acusações mais graves está a de que o tráfico de drogas no Jardim Elba, na zona Leste de São Paulo, estaria nas mãos de oficiais.

Os policiais envolvidos com o tráfico na cracolândia não foram vistos nesta quinta-feira. Campos convocou a “comunidade” para continuar denunciando casos envolvendo maus policiais.

Para fazer denúncias anônimas contra criminosos o cidadão pode ligar para o disque denúncia (0800-156315). Para denunciar o mau comportamento de policiais a população pode ligar para a Ouvidoria da Polícia (0800-177070).

As declarações do diretor do Denarc e do promotor José Carlos Blat foram dadas ao jornal SPTV, da TV Globo.