Recomeço. Assim pode ser definida a situação financeira e administrativa de Mauá. Após quase dez anos com o nome sujo, o que impossibilitou contração de empréstimos, a cidade volta a ter condições de obter financiamento no mercado.

Isso só é possível graças à recente renegociação da histórica dívida que deixou o município negativado. O débito bilionário teve origem em financiamento junto à Caixa Econômica Federal, no valor de Cr$ 13,7 bilhões (equivalente hoje a R$ 130 milhões), em 1991, pelo então prefeito Amaury Fioravanti, para as obras de canalização dos córregos Corumbé, Bocaina e Tamanduateí. O acordo não foi honrado pelos sucessores. Multas e juros deixaram o rombo chegar a R$ inacreditáveis R$ 3 bilhões.

O prefeito Donisete Braga (PT) se debruçou sobre o problema. Pudera, já que não havia outra alternativa para garantir novos programas e obras para a cidade sair da estagnação. Foram mais de dois anos de conversas com a instituição financeira e o Tesouro Nacional. Até que, no fim de janeiro, o petista assinou a repactuação do passivo, que teve mudanças na base de juros e foi reduzido a R$ 482,54 milhões – será pago ao longo de 20 anos, em 240 parcelas de R$ 2,71 milhões. Agora, Mauá volta a receber o FPM (Fundo de Participação dos Municípios), em torno de R$ 5 milhões mensais, e pode pedir empréstimo.

O primeiro deles Donisete já solicitou. Quer financiamento de R$ 54 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) para comprar computadores e softwares, para melhor gerenciamento administrativo de receitas e despesas. Apenas um passo para um município com tantos problemas.

Voltar a ter o nome limpo para fazer a cidade evoluir é conquista a ser comemorada. Porém, deve-se ter gestão eficiente, transparente e lúcida na busca desses recursos. Para que um outro empréstimo mal planejado não faça o povo mauaense sofrer novamente com engessamento econômico causado por agentes públicos.