Cultura & Lazer Titulo
A arte de Fausto
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
15/04/2006 | 13:50
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Com a bênção de Paulinho da Viola, o artista gráfico Fausto lança seu terceiro livro, Traço Extra (RG Editores, 152 págs., R$ 60 em média). É “traço” porque traz desenhos, charges, ilustrações e reproduções de pinturas em tela, e é “extra” porque a maioria desses trabalhos é inédita, feita nas horas vagas entre um trabalho e outro do artista. E a bênção está no prefácio escrito pelo músico e compositor. “Quando comecei minha carreira em 1972, a música Foi um Rio que Passou em Minha Vida era um sucesso. E eu entrei na imprensa embalado por ela. Na época, pensei ‘um dia vou publicar um livro e quero ter um prefácio desse cara...’. No primeiro, Sem Perder a Linha (1999), Jaguar fez o prefácio; no segundo, Esqueçam o que Ele Desenhou (2002), foi Dálcio, um chargista da nova geração. No terceiro tinha de ser o Paulinho”.

“Traço extra” também pode ser uma alusão à quantidade de informação que o artista coloca em seus trabalhos. Muitas cores, muitos elementos, muitos traços, muitas pinceladas. Do cartum para a charge e daí para a pintura, o artista salta de estilo e linguagem. Fausto dividiu o livro em três partes. Na primeira, chamada “Dó-ré-mi-Fausto”, mostra caricaturas de artistas brasileiros, músicos na maioria, norte-americanos e cubanos. A segunda, “Gol de Papel”, é dedicada ao esporte. Finalmente, “Quadros de uma Exposição” reúne reproduções das telas que o artista desenvolveu em suas horas vagas, e homenagens a influências, como Picasso (que alia pintura com ilustração gráfica), Van Gogh (que usa cores fortes) e Matisse (que tem leveza no traço). Devem integrar uma exposição no segundo semestre deste ano em Guarulhos, onde Fausto vive e onde iniciou sua carreira em jornais locais.

O livro reproduz um enorme cartum (60 cm x 90 cm no original) que homenageia os 200 anos do Jardim da Luz, em São Paulo, e que tem muitas referências da história da cidade e personagens ligados à praça. Demorou oito meses para ser concluído e “vários fins de semana”.

Fausto Bergocce é natural de Reginópolis (SP) e foi chargista político no Diário entre 1981 e 1983. Ficou de 1990 a 2003 no Diário Popular, depois Diário de São Paulo. Atualmente é free lancer, ilustra livros, desenhos publicitários, participa de salões de humor gráfico e publica no site chargeonline.com.br. “Corro atrás de outros caminhos, pois tem poucos espaços para charges. Antigamente, cada jornal tinha um chargista, hoje poucos têm. O Diário está de parabéns porque mantém esses profissionais. É curiosa essa situação atual da imprensa, porque não há censura, vivemos um momento democrático e é o melhor período para se criar, mas acho que a economia não está ajudando”.




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