Um comitê do Congresso americano acusou nesta quarta-feira que os atentados de 11 de setembro de 2001 ocorreram por causa de uma série de falhas dos serviços de Inteligência do país. Além de indicar que a Inteligência tinha várias pistas sobre um ato terrorista um mês antes da data, a comissão apontou que a CIA (serviço secreto) e o FBI (Polícia Federal) falharam na intercomunicação e interpretação dos indícios.

Um relato da comissão conjunta da Câmara e Senado afirma que os serviços de Inteligência do país emitiram um aviso ao governo em julho de 2001 apontando "alta probabilidade de um iminente ataque terrorista" a ser realizado por extremistas ligados a Osama Bin Laden - apontado como o líder dos atentados. Em agosto, segundo os parlamentares, as agências de Inteligência já tinham informações sobre "um ato de sabotagem contra aviões comerciais" – exatamente como ocorreu em 11 de setembro.

Documento oficial da comissão afirma que a comunidade de Inteligência dos EUA "cometeu erros" no episódio 11/9 e destaca que os erros "precisam ser apontados e consertados". O diretor do Comitê de Inteligência do Senado, senador Bob Graham, afirmou que o objetivo da comissão não é "apontar o dedo ou colocar culpa", mas corrigir "problemas sistemáticos" que poderiam ter levado à neutralização da Al Qaeda.

Três anos - O Comitê de Inteligência do Congresso apontou que vários indícios sobre a tragédia de 11 de setembro de 2001 datavam de 1998 – três anos antes dos atentados.

Segundo o grupo, o FBI (Federal Bureau of Investigation, Polícia Federal dos EUA) e a agência federal de administração da aviação (Federal Aviation Administration, FAA) tinham, em agosto de 1998, informações indicando que terroristas árabes planejavam lançar um 'avião-bomba' estrangeiro contra o World Trade Center, em Nova York. Três anos e um mês depois, dois aviões (americanos, um da American Airlines e outro da United Airlines) foram jogados contra as torres gêmeas do WTC.

Há três anos, segundo os parlamentares, a FAA achou a possibilidade de um ataque do tipo "altamente improvável".

Os serviços de Inteligência também tinham, em 1998, indícios sobre a chamada 'célula americana da Al Qaeda', que só hoje está sendo debelada. Segundo a comissão parlamentar, há quatro anos a comunidade de Inteligência sabia que a rede de Osama Bin Laden tinha planos para atacar alvos dos EUA e recrutava jovens americanos para treinamento no Oriente Médio.