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Em Diadema, agente de Saúde vira camelô
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
06/05/2011 | 07:11
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Cinco agentes de Saúde de Diadema - contratadas pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que administra o Programa Saúde da Família - exercem a função de vendedores de materiais usados como roupas, brinquedos, livros e eletrônicos, no quintal da UBS (Unidade Básica de Saúde) Canhema, durante o expediente e em espaço público. O objetivo do comércio, segundo os próprios agentes, é a arrecadação de fundos para realização de festa beneficente para as crianças do bairro no dia 12 de outubro - Dia das Crianças.

A unidade conta com duas barracas de metal e lona cedidas pela Prefeitura - destaque para o logotipo da administração impresso na lona. Equipamento idêntico é utilizado em outros eventos do Executivo. À direta da entrada principal está localizado o primeiro ponto, exclusivo para a venda de roupas usadas. À esquerda está o segundo balcão direcionado para equipamentos eletrônicos como videocassetes, rádios e calculadoras. Também há assessórios como bolsas, livros, fitas VHS e até um estetoscópio (de utilização médica para ouvir o coração).

O Paço de Diadema informou que não permite ações desta natureza e que os funcionários serão notificados para não repetirem o caso. Segundo a presidente do OAB de Diadema, Maria Marlene Machado, o ato só é permitido se o prefeito autorizar por meio de um portaria, para tornar o ato público. "Me parece uma atitude muito nobre, mas eles precisariam revezar em horários para não lesar a população no atendimento."

As agentes presentes nas barracas explicaram que os materiais vendidos são doados pelos próprios funcionários e por moradores do bairro. "Meu sonho é ter recurso para me fantasiar de Zé Gotinha e alegrar as crianças na campanha de vacinação", relatou uma delas. Outra moça contou que havia vendido um computador completo, com CPU e monitor. A direção da unidade informou que não tem permissão para dar entrevista e garantiu que a iniciativa é dos funcionários.

Maria Cecília Ruivo, uma das organizadoras do evento das crianças, afirmou que a prática ocorre, pelo menos, desde 2000, quando ela iniciou o trabalho voluntário em prol da festa. "Tudo que tem lá é doado e os preços são muito simbólicos (média de R$ 5 a R$ 10 por peça). Oferecemos pula-pula, cama elástica, sanduíches e balas para as crianças. É gente do bairro (que frequenta a festa), gente que passa. Não cobramos nada. O trabalho funciona o ano todo e nós ajudamos em outras datas como Natal, enfeitamos a unidade, Dia da Enfermeira, levamos cartões. É uma integração com a comunidade muito bonita. As agentes também participam da festa", explicou Maria.

A organizadora garante que o trabalho na UBS não é ideia da diretoria e sim um pedido da comunidade. Ela destaca que, como o local promove a campanha de vacinação contra a gripe H1N1, as moças acabam tendo tempo de descanso maior. "Elas revezam e também têm os horários de almoço", contou. Os servidores públicos estão em greve. No local, existem cerca de 90 funcionários diretos da Prefeitura e apenas 15 não aderiram à greve.

 

Prefeitura reabre discussão com servidores públicos

O prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), reabriu as negociações com o funcionalismo público, que chega ao seu nono dia de greve hoje. O governo se reúne às 16h com a direção do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema) para rediscutir a pauta de reivindicações de 15 itens, que tem como foco o reajuste salarial de 11%.

A retomada do diálogo ocorreu na manhã de ontem, quando cerca de 30 sindicalistas pressionaram vereadores durante reunião com o chefe de Gabinete do prefeito, Osvaldo Misso, para tratar dos projetos do Executivo que foram votados ontem. Os parlamentares, junto aos servidores, cogitaram a possibilidade de travar a pauta e não votar nada que Reali encaminhasse à Casa.

Não foi preciso. Com jogo de cintura, Misso marcou o encontro e também impediu que uma comissão especial para tratar da negociação fosse criada. De acordo com a presidente do Sindema, Jandyra Uehara Alves, a greve continua até que haja nova contraproposta. "Os piquetes móveis continuam pela manhã enquanto ficamos na expectativa. Acho que ninguém chama reunião para dizer nada."




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