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Israel continua a colonização e rejeita trégua com o Hamas
Da AFP
23/12/2007 | 14:28
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Na véspera de uma nova sessão de negociações de paz com os palestinos, Israel confirmou neste domingo sua intenção de dar continuidade à construção de casas em duas colônias na Cisjordânia. O país negou que esteja negociando uma trégua com o Hamas.

O ministro dos Aposentados, Rafi Eitan, disse que o Orçamento de 2008 prevê a construção de 250 alojamentos na colônia de Maalé Adumim, na Cisjordânia, e de outros 500 em Har Homa, um bairro de colonização localizado na parte leste de Jerusalém. Mais cedo, o movimento israelense Paz Agora revelou que estas construções foram orçadas em US$ 25 milhões.

O Orçamento do Estado para 2008 deve ser aprovado esta semana em segunda e terceira leitura pela Knesset (Parlamento israelense).

“Sempre dissemos que podemos construir em Har Homa, que fica dentro dos limites municipais de Jerusalém, definidos unilateralmente por Israel em 1967 num setor anexado da Cisjordânia”, justificou Eitan. “Talvez tenhamos problemas em Maalé Adumim, mas queremos continuar a extensão natural nos grandes blocos de assentamentos”, prosseguiu.

O ministro trabalhista da Educação, Yuli Tamir, afirmou à imprensa que existe um consenso no Estado hebreu para que as colônias de Maalé Adumim e Har Homa integrem o território soberano de Israel.

Yariv Oppenheimer, porta-voz do Paz Agora, se insurgiu contra o prosseguimento da colonização que ameaça as negociações de paz com os palestinos. Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino Mahmud Abbas, exigiu que o governo israelense ponha rapidamente um fim a sua política de colonização. “Israel continua criando problemas e não quer uma paz justa e permanente na região”, criticou.

Israelenses e palestinos mantiveram em 12 de dezembro uma primeira sessão de negociações, conforme determinado na conferência de 27 de novembro em Annapolis (Estados Unidos).

Estas negociações, que devem ser retomadas segunda-feira, são baseadas no ‘Mapa do Caminho’, um plano de paz internacional cuja primeira etapa prevê o congelamento da colonização e o fim da violência.

A continuidade da colonização israelense já provocou nas últimas semanas tensões com o governo americano, num momento em que o presidente George W. Bush é aguardado no início de janeiro em Israel e nos territórios palestinos.

Israel foi muito criticado pelos palestinos, pelos europeus e até por Washington quando anunciou, logo depois da conferência de Annapolis, o início da construção de 307 alojamentos em Har Homa.

“Israel suscitou grandes esperanças em todo o mundo, mas não tem como corresponder a elas, pois não tem a força política necessária para ordenar a evacuação dos assentamentos ilegais ou o congelamento da colonização”, explicou um alto dirigente israelense, que não quis ser identificado, em declarações publicadas neste domingo pelo jornal Haaretz.

De acordo com o movimento Paz Agora, há uma centena de colônias ilegais na Cisjordânia, 56 das quais foram criadas depois da chegada ao poder de Ariel Sharon, em março de 2001. O governo de Israel prometeu aos americanos que desmantelaria esses assentamentos ilegais.

Para a comunidade internacional, todas as colônias nos territórios palestinos são ilegais, mesmo as que foram construídas com a autorização das autoridades israelenses.

Além disso, o Estado hebreu e o movimento radical islâmico Hamas descartaram neste domingo a instauração de uma trégua baseada no fim dos ataques israelenses em Gaza contra o fim dos disparos de foguetes contra Israel.

Os dirigentes israelenses consideraram que a proposta de trégua do Hamas revela sua fraqueza, e que Israel deve em conseqüência seguir pressionando para derrubar o regime instaurado em junho passado em Gaza pela facção palestina. Líderes do Hamas descartaram qualquer trégua enquanto Israel continuar suas operações em Gaza.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, considerou neste domingo durante o Conselho dos ministros que o Hamas não pode ser um parceiro para o diálogo. “Israel não tem interesse em negociar com grupos como o Hamas e a Jihad Islâmica, que não aceitam as condições da comunidade internacional, ou seja, o reconhecimento do Estado hebreu e dos acordos concluídos no passado pela Autoridade Palestina”.

Olmert também avisou que o exército continuará seus ataques na Faixa de Gaza, depois de uma série de operações terrestres e aéreas que mataram 20 membros de grupos armados palestinos em uma semana.

“As operações contra os grupos terroristas vão continuar. Não há outra forma de descrever o que está acontecendo lá: trata-se de uma verdadeira guerra entre o exército e os movimentos terroristas”, frisou o primeiro-ministro israelense.

“Se queremos garantir que o processo iniciado na conferência de Annapolis siga adiante e permita abrir uma perspectiva política, precisamos acabar com o Hamas, e não resgatá-lo”, afirmou, por sua vez, o ministro da Defesa, Ehud Barak, que deve viajar ao Egito na próxima semana.

“Não há necessidade de negociar um cessar-fogo com o Hamas ou a Jihad Islâmica. Se eles acabarem com seus disparos de foguetes e desistirem de preparar atentados, suspenderemos nossas operações militares”, frisou o vice-primeiro-ministro, Haim Ramon, lembrando que o objetivo estratégico de Israel é derrubar o regime do Hamas.

Um porta-voz do Hamas, Ismail Radwan, afirmou, por sua vez, que não se pode falar em trégua enquanto continua a agressão contra o povo palestino.



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