Confira vídeo do T4 em enchente

Quando o assunto é Troller T4 (R$ 85.065), o cenário muda completamente. Prédios, viadutos, asfalto, congestionamentos quilométricos, caminhões, motos e pedestres são substituídos por árvores, mato, terra, buraqueira, troncos, pequenos animais e lama... muita lama!

A convite da marca que pertence à Ford desde 2007, realizamos um divertido e sujo test drive em Atibaia (SP). Cumprimos inúmeras atividades para descobrir, ao final de tudo, se o bruto é valente como dizem.

Mas antes de cair nas trilhas, um pequeno trecho de asfalto para sentir o comportamento do jipe em solo civilizado. O conforto, nem de perto, é igual ao de um SUV. No entanto, o pouco oferecido de série está de bom tamanho: ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos, pequenos porta-objetos e rodas de liga leve de 15 polegadas. Destaque para o santantônio revestido com espuma.

A ergonomia não é boa. Você não se sente vestido de Troller. Mas é compreensível, afinal, trata-se de um bicho do mato. O acabamento é puro plástico, prático para limpar após o dia inteiro sob lama e pó.

MATO, TERRA, BURACO... - Hora de encarar os desafios. Antes, no entanto, uma parada estratégica para recomendações e, é claro, para ligar, por meio de um seletor no painel, a tração 4x4. Pronto? Vamos para a festa...

A primeira impressão positiva é o acerto da suspensão, que traz, tanto na dianteira, quanto na traseira, eixo rígido com barra estabilizadora. Firme, ela mantém o carro sob controle. E o motorista pode abusar, que o T4 aguenta.

A transmissão manual de cinco marchas cumpre seu papel. Os engates são honestos e a trepidação da alavanca, típica dos veículos a diesel, não chega a incomodar.

O motor, diga-se de passagem, merece elogios. O 3.0 turbodiesel com intercooler parece ter sido feito sob medida para o T4. São 163 cv de potência - nada mau para um trilheiro - e torque de 38,8 mkgf entre 1.800 rpm e 2.200 rpm.

Nos facões, subidas e descidas de morros, inclinações laterais e mergulhos em lamaçais, o T4 parecia brincar, claro que com a reduzida engatada. Em certos momentos sequer colocávamos o pé no acelerador para a fera se movimentar. Ele, sozinho, superava os desafios.

E as medidas off-road atestam isso. São 50 graus de ângulo de entrada, 37 graus de saída e 45 graus de inclinação lateral e 31,5 cm de vão livre do solo.

Durante o trajeto andamos em trilha onde há muito tempo não passava uma alma viva. Ou seja: reinventamos alguns caminhos. Ponto negativo para o raio de giro, que impossibilita curvas fechadas.

O T4 é valente. Nasceu para viver no meio do mato. Na cidade sobrevive, apesar de estar fora do seu habitat natural. Talvez por isso seja tão cultuado entre os jipeiros.

Em entrevista ao Diário, Rodrigo Lourenço, gerente geral da divisão Troller, contou um pouco dos planos para o Brasil da marca que pertence à Ford.

DIÁRIO - O T4 é um jipe ‘bruto'. Reúne características que o tornam um legítimo desbravador. Existem planos para torná-lo, digamos, mais ‘civilizado' para conquistar novos consumidores?

RODRIGO LOURENÇO - Não. O público-alvo do Troller T4 entende suas características como parte do mundo off-road - torná-lo mais civilizado seria ir contra a essência do produto e, por consequência, dos entusiastas da marca. Estas características, no entanto, não impedem o uso do veículo no dia a dia. Prova disso é que, cada vez mais, temos clientes que fazem do T4 seu veículo principal.

DIÁRIO - Qual a participação da Ford no processo de desenvolvimento do T4?

LOURENÇO - A Troller está 100% integrada aos processos de desenvolvimento de produto da Ford. O T4 atual teve seu projeto completamente revisado e validado pelas diversas áreas técnicas da Ford, passando pelos mesmos testes de um veículo de origem Ford. Todas as áreas de negócio da Troller recebem apoio constante dos times correlatos na Ford.

DIÁRIO - A fábrica em Horizonte (CE) tem condições de aumentar a produção, se necessário?

LOURENÇO - Sim, a fábrica tem capacidade para atender a um eventual crescimento da demanda.

DIÁRIO - A Troller planeja exportar o T4? E produzi-lo em outros países?

LOURENÇO - Estamos em fase de análise de potencias mercados onde o Troller T4 possa ter atuação competitiva e não há planos para a produção do T4 em outros países.

DIÁRIO - Quais as principais características que fazem do T4 um veículo tão elogiado pelos trilheiros?

LOURENÇO - Esse sucesso vem de um conjunto de características que combina robustez, perfomance, estilo e versatilidade. Potência e torque elevados, ângulos de entrada e saída, carroceria em compósito, pacote de equipamentos completo e dirigibilidade que permite o uso tanto na cidade quanto nas trilhas são alguns dos atributos elogiados.