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Mulher vive mais e se preocupa

Apesar de pesquisa da Fenaprevi mostrar que apenas 19% delas conhece algo sobre previdência privada, público feminino tem crescido

Thaís Restom
Do Diário do Grande ABC
09/03/2015 | 07:26
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A expectativa de vida das mulheres brasileiras é 78,6 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O estudo revela que, no Brasil, a mulher vive, em média, 7,3 anos a mais do que os homens. Viver mais significa não só a necessidade de planejar melhor o futuro para ter uma aposentadoria tranquila, mas também garantir o sustento da família no longo prazo. Nesse contexto, especialistas afirmam que os benefícios garantidos pela Previdência Social são essenciais, mas insuficientes.

Segundo a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), entretanto, apenas 19% do público feminino conhece algo sobre a previdência privada. O estudo foi realizado com 1.500 pessoas (53% mulheres e 47% homens), nas cinco regiões do País, com idade entre 20 e 60 anos ou mais, das classes A/B, C e D/E. Apesar do resultado do levantamento, pesquisas dos principais bancos e seguradoras brasileiros que oferecem o produto mostram que as mulheres têm procurado cada vez mais o investimento em planos privados de previdência.

De acordo com o presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Fenaprevi, Lúcio Flávio de Oliveira, as mulheres representam hoje parcela importante da base de clientes do banco. “Observamos aumento da participação desse público, que hoje já retrata 40% dos investidores, contra menos de 38% em 2010”, afirma.

Evely Silveira, gerente comercial da Porto Seguro Previdência, conta que atualmente o percentual de mulheres na carteira de previdência privada da empresa é de 46%, e a tendência é cada vez mais oferecer produtos para esse público. “Elas estão tomando a frente das decisões financeiras quando ficam sem o marido, como no caso das divorciadas ou viúvas, e o mercado de seguros já está percebendo essa movimentação”, avalia.

O crescimento feminino no setor de previdência privada é discreto, mas contínuo, segundo o vice-presidente da Fenaprevi. “A mudança de perfil desse público está influenciando essa movimentação no mercado. Isso porque, segundo o IBGE, houve aumento de 18% do número de mulheres chefes de família”, afirma Oliveira.


Investidoras são escolarizadas e poupam mais que os homens

A Brasilprev, uma das líderes do mercado brasileiro de previdência privada, tem quase a metade de seus clientes constituída por mulheres. Levantamento realizado pela empresa constatou que 48% de sua base de participantes é composta por pessoas do sexo feminino.

O estudo também apontou o perfil das investidoras e revelou que 43,8% são solteiras, 63,8% têm até 50 anos de idade e 45,7% possuem Ensino Superior, percentual maior que o registrado entre os homens – 36,8%.

A gerente de inteligência e gestão de clientes da Brasilprev, Soraia Fidalgo, revela que 77% das investidoras de planos da seguradora optam por fazer aportes periódicos, ou seja, têm o hábito de poupar. “A média do valor investido por mês pelas mulheres é de R$ 299, enquanto a dos homens é de R$ 320. Embora os aportes periódicos delas sejam menores, no último ano o tíquete feminino teve maior evolução, com 12,1%, enquanto o dos homens foi de 11%”, explica.

VOZ ATIVA - Já pesquisa feita pela Bradesco Seguros aponta que a opinião da mulher tem mais peso quando se trata de escolher a instituição e a modalidade de plano em que os recursos de previdência serão investidos. Enquanto o homem exerce papel mais ativo na escolha de fundo, regime tributário e modalidade de pagamento.

Segundo Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência, um dos motivos para o crescimento da procura pelo público feminino é o fato de a mulher ser a principal voz na família quando se trata de proteger e garantir o futuro dos filhos. “Prova disso é a grande participação delas nos planos para jovens. O objetivo, no caso, não é propriamente a aposentadoria, mas a utilização dos instrumentos de poupança e acúmulo de reservas para ajudar na educação mais qualificada do filho”, diz.

Outro estudo, da Icatu Seguros, mostra que as mulheres mais jovens investem mais recursos em previdência privada do que os homens. Na faixa de até 20 anos, o público feminino investe 128% a mais do que o masculino. Ou seja, a cada R$ 100 que ele aplica, ela coloca R$ 228. O movimento se repete quando a faixa etária avança para entre 21 e 30 anos.

Sérgio Prates, superintendente de produtos de previdência da Icatu Seguros, afirma que do total de resgates nos planos de previdência privada feito em 2014, as mulheres representam apenas 37% enquanto os homens, 63%. “Elas se mostram mais fiéis ao destino final da aplicação, que é a aposentadoria. Também contribuem mais e com maior persistência, ou seja, sacam menos”, avalia.


Confira dicas de planos conforme o perfil

Os especialistas em previdência privada consultados prepararam algumas dicas de como mulheres com diferentes perfis podem planejar seu futuro com tranquilidade.

Em relação às solteiras, sem filhos e que moram com os pais, o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira, aconselha contribuições com valores acima de 12% de sua renda bruta. “Isso porque essa mulher ainda não tem gastos com moradia e alimentação. Mas, caso os pais sejam dependentes econômicos da filha, é recomendável também a contribuição para um seguro de vida”, diz.

Já para as casadas e que trabalham, a preocupação maior deve ser com a forma de declaração do IR (Imposto de Renda), afirma Evely Silveira, gerente comercial da Porto Seguro Previdência. “Ou seja, é preciso verificar se elas são dependentes financeiras do marido ou se declaram o IR separadamente. A partir daí, a adequação pelo melhor produto será de acordo com o tipo de tributação.”

No caso das donas de casa, Oliveira recomenda o ingresso em um plano VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), mesmo com contribuições pequenas no início do investimento. “Neste produto, a vantagem é que a renda não é tributável. É fundamental, porém, que essa dona de casa tenha acumulação de recursos no médio e longo prazos e, no futuro, rendimento complementar”, aconselha.

Aquelas que têm filhos podem declará-los como dependentes financeiros no IR e também se beneficiar do incentivo fiscal. “Ela poderá abater do IR dela os valores de contribuição realizados para os filhos dependentes”, afirma Evely.

Para as mulheres solteiras ou divorciadas e sem filhos, o momento é de acelerar plano de previdência, já que as despesas pessoais são relativamente baixas. “Vale aproveitar esta condição para fazer PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) no limite máximo de 12% da renda”, recomenda o executivo da Bradesco Vida e Previdência. Esse montante poderá ser abatido no acerto de contas com o Leão.
 




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