Muita gente fica sem saber em que latão de lixo reciclável deve colocar embalagens de salgadinho, bolacha, suco em pó, entre outras feitas com materiais que misturam papel e alumínio, como as do ovo de Páscoa. Na dúvida, a maioria joga no lixo, porque no Brasil não há tecnologia para reciclá-las. Mas isso está começando a mudar.
Desde o início do ano, a TerraCycle estão recolhendo esse lixo para transformá-lo em bolsas, carteiras, estojos e muitos outros objetos, como forma de ajudar o planeta. E não é só o meio ambiente que agradece. A empresa paga R$ 0,02 por embalagem que são enviados a instituições beneficentes cadastradas no programa.
Como isso funciona? Em vez de jogar no lixo, a gente deve guardar as embalagens até completar 100 unidades e enviá-las pelo Correio. Não precisa pagar nada. Mas tem de limpar os restos de comida antes.
Por enquanto só dá para aproveitar os salgadinhos produzidos pela Pepsico e os sucos Tang. Em breve muitas outras empresas vão participar.
Vinícius Lourenço, 10 anos, de São Bernardo, começou a juntar pacotinhos de suco depois que viu a campanha na TV. Há tempos, sua família separa todo o lixo para ser reciclado. "A única coisa que a gente não sabia onde colocar eram essas embalagens que jogávamos no lixo comum", diz Vinícius, que sempre se preocupou com o problema e até já plantou árvores na sua casa.
Theo Torres, 10, de Santo André, também está agindo, ao lado da irmã mais velha. "Pode parecer pouco, mas se cada um fizer uma coisa, juntos estaremos cuidando do meio ambiente", afirma Theo, que conta que na escola sempre dá bons exemplos para os amigos. "Mas nem todos estão preocupados. Muitos só pensam em videogame e nada mais importa. Esquecem do meio ambiente, e isso não é legal."
Produz grande transformação
A TerraCycle está há pouco mais de um mês no Brasil, mas nos Estados Unidos o programa já tem dois anos e reúne mais de 60 mil participantes, que recolhem embalagens de chocolate, barra de cereal, salgadinho e até potinho de iourgute. Por enquanto, só tem parceria aqui com a Pepsico (Ruffles, Doritos e outros salgadinhos Elma Chips) e a Kraft (que produz o suco Tang), mas a empresa também aceita embalagens de outros produtos.
Após receber as embalagens, o pessoal da TerraCycle, em conjunto com uma cooperativa de costureiras de Curitiba (Paraná), produz bolsas, mochilas e vários outros objetos. Há ainda cadernos e até alto-falantes. Os produtos são vendidos na rede de supermercados WalMart. E não se preocupe: nenhum tem cheiro de salgadinho. Outra coisa legal é que depois não precisa jogar as mochilas e carteiras no lixo quando ficarem velhas. Dá para reaproveitá-las de novo!
Reciclar é mais econômico
Até agora as embalagens que misturam alumínio e plástico iam direto para o lixão, onde são queimadas ou enterradas no aterro sanitário. Até há formas para reciclá-las, mas é complicado e custa caro.
No caso dos pacotinhos de salgadinho, que têm 30% de alumínio e 70% de plástico, ainda falta tecnologia no Brasil para que sejam reaproveitados, embora as duas matérias-primas sejam recicláveis. A principal dificuldade está justamente em separar os dois materiais.Na dúvida, recomenda-se jogá-los no latão de plástico, para que possam ser melhor aproveitados.
Quando reciclamos, evitamos que mais matéria-prima seja retirada da natureza, já que o componente para fabricar um novo produto vem dos que já foram usados. Com isso, gera-se menos poluição, além de economia de energia elétrica e água no processo de produção.
Quando não são reciclados, esses materiais vão parar nos lixões e aterros sanitários. Nos aterros, os resíduos são despejados todos juntos numa grande área e depois enterrados para se decompor ou são queimados. Por isso, quando são reaproveitados, evita-se que mais aterros sejam construídos. Mas para que isso aconteça é necessário que estejam separados por tipo de material.
Procure ter atitudes verdes
Mesmo que a reciclagem seja ótima alternativa, é preciso mudar os hábitos de consumo. "A gente tem de pensar em diminuir o que compra para reduzir o gasto de matéria-prima", recomenda Waverli Neuberger, coordenadora da Agência Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo.
Outra ação importante é escolher produtos que usem menos embalagens para evitar mais lixo. Também deve evitar desperdiçar comida, não demorar no banho (todo mundo sabe que a água pode acabar) nem deixar luz acesa sem necessidade.
É preciso lembrar que tudo o que jogamos no lixo vai parar em lixões e aterros sanitários. "O lixo não desaparece sozinho, quando o depositamos no latão e é recolhido pelo caminhão. Pode ficar anos e anos se decompondo e prejudicando a natureza", alerta Waverli.
Os principais materiais recicláveis são metal, vidro, plástico e papel. Mas entre eles há alguns que acabam indo para o lixo comum, como lâmpada fluorescente, papel plastificado, carbono, papel higiênico, guardanapo. Baterias de telefone e de filmadora devem ser devolvidas ao fabricante para que possam ser reaproveitadas e não contamine o solo, porque têm substâncias tóxicas.
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