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Papa João Paulo II volta a falar após traqueostomia
Da AFP
01/03/2005 | 16:39
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O papa João Paulo II voltou a se ocupar com os assuntos da Igreja Católica e conseguiu pronunciar algumas palavras, cinco dias após ser submetido a uma traquestomia. A informação é do cardeal alemão Joseph Ratzinger, se encontrou com o pontífice no hospital Gemmeli, em Roma. 

"O Santo Padre falou comigo em alemão e em italiano. Ele estava bem presente e trabalhará nos dossiês que eu levei para ele", contou Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e decano do Sagrado Colégio, a assembléia dos cardeais.

As afirmações de Ratzinger devem amenizar as preocupações sobre o longo período de silêncio do papa, após a traqueostomia de quinta-feira, e sobre sua capacidade de dirigir a Igreja. "Nós não entramos em detalhes, mas ele disse as coisas essenciais com suas próprias palavras", acrescentou o cardeal alemão.

O porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls, havia informado no início da manhã que "tudo estava normal" com João Paulo II e que ele continuava fazendo fisioterapia para voltar a falar. Ele ainda contou que no momento em que deixou o hospital, o papa estava se preparando para a missa. Segundo o 'Osservatore Romano', João Paulo participa todos os dias uma missa com seus secretários particulares, lê sua oração e faz exames de consciência.

Recuperação completa - Especialistas afirmaram, porém, que o papa vai precisar de tempo para voltar a falar fluentemente. Paola Calcagno, otorrinolaringologista da Fundação Santa Lucia, disse ao jornal 'Corriere della Sera' que o Santo Padre precisará de semanas para se recuperar dos problemas respiratórios.

Ela acredita que a cânula de plástico implantado na garganta do Papa para ajudá-lo a respirar teve de ser substituído por um dispositivo, ou seja, um tubo equipado com uma válvula na sua parte superior que permite a passagem do ar da traquéia à laringe, onde ficam as cordas vocais.

Segundo os médicos, a manutenção do tubo por tempo indeterminado, talvez para sempre, poderia ser uma boa solução para liberar o Papa de suas dificuldades respiratórias e do risco de sufocação, que pode se agravar com o avanço do Mal de Parkinson.

Por sua vez, cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, explicou que "a Santa Sé está preparada. "Tudo está preparado na Cúria para atravessar este período difícil, com um Papa doente", declarou.

"O Papa sabe e saberá sempre expressar suas idéias pessoais, sua vontade sobre o que eu chamo de essencial: saber dar uma palavra de paz para o mundo e de compaixão para os que sofrem", continuou, acrescentando: "Se, por algum tempo, ele não estiver mais em condições de rezar com os peregrinos às quartas-feiras em Roma, não vai ser grave".

O Vaticano anunciou que a tradicional audiência geral, prevista para quarta-feira foi anulada e que João Paulo II não seria substituído.

Desde quinta-feira passada, data da nova internação, o Vaticano se dedica a repassar aos fiéis o estado de saúde do Sumo Pontífice.

Ainda não se sabe, no entanto, quanto tempo o Papa ainda deve ficar na clínica Gemelli e de que forma ele poderá participar das celebrações da Páscoa, daqui a três semanas. "O Papa poderá sair do hospital para a Páscoa", antecipou nesta terça-feira o vaticanista do 'Corriere della Sera', Luigi Accatoli.

De acordo com uma pesquisa do jornal 'USA Today' e do canal de televisão 'CNN', 51% dos católicos americanos acham que João Paulo II deve continuar no cargo até sua morte e 43% julgam que ele deve pedir demissão em razão de seu estado de saúde.




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