O Japão se deu um prazo de quatro décadas para desenvolver seu programa, que espera ‘‘ser operacional em 2040’’, informou nesta quarta-feira Osamu Takenuchi, funcionário da divisão espacial do ministério japonês de Economia, Comércio e Indústria.
Para isso, o ministério vai começar em abril a pesquisa e estudo de viabilidade, acrescentou.
O objetivo do projeto é colocar em órbita geoestacionária, a 36 mil km da Terra, um satélite equipado com dois painéis solares, com uma superfície de três quilômetros por um quilômetro.
Espera-se que esse dispositivo seja capaz de gerar um milhão de quilowatts por segundo, ou seja o equivalente a uma usina nuclear. A eletricidade será enviada a Terra por microondas emitidas por uma antena de aproximadamente um quilômetro de largura e será captada por receptores de vários quilômetros de diâmetro instalados no deserto ou no mar.
Ao contrário das instalações solares em terra, ‘‘o satélite poderá produzir eletricidade durante a noite’’, informou Takenuchi.
Seu peso será de 20 mil toneladas e o custo de fabricação tem previsão de US$ 17 bilhões.
A energia produzida desta maneira seria muito mais cara (mais do que o dobro) que a energia nuclear ou térmica, porém ‘‘estamos estudando a forma de reduzir os custos da nova tecnologia’’, explicou o funcionário.
A Agência Espacial Norte-americana (NASA) realizou nos anos 70, estudos sobre a possibilidade de se produzir eletricidade no espaço, mas as pesquisas não resultaram em projetos concretos.
‘‘Trata-se de um projeto teoricamente viável’’, comentou Jun Nishimura, professor de ciências do espaço da Universidade de Tóquio. ‘‘No entanto, a tecnologia para instalar estruturas tão grandes no espaço deve ser aperfeiçoada’’.
‘‘Por isso, é razoável que o governo tenha fixado um prazo longínquo, 2040, e que não pretenda queimar as etapas’’, opinou.
Além da tecnologia, ‘‘a principal questão que se estabelece é a rentabilidade do projeto’’, já que ‘‘a produção de energia solar só poderá se desenvolver se for menos cara que as outras energias’’, acrescentou.
Para o Japão esta tecnologia apresentaria inúmeras vantagens, em particular a proteção do meio ambiente, uma vez que ‘‘a energia solar não emite CO2’’, lembrou o funcionário do ministério japonês.
Seu desenvolvimento permitiria ainda ‘‘evitar os problemas de segurança e de retratação que a indústria nuclear pretende’’, afirmou.
A tecnologia nuclear, que produz um terço da energia que o Japão precisa, é questionada por parte da opinião pública do país desde que um acidente provocou duas mortes, em setembro de 1999, em uma fábrica de combustíveis para as usinas nucleares.
O Japão iniciou um programa de conquista espacial em 1969, e desde então já lançou mais de 30 foguetes. Mas o programa sofreu vários reveses nos últimos anos, obrigando o governo a adiar o desenvolvimento de um lançador, cuja ambição é competir com o europeu Ariane.
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