O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, pediu nesta quarta-feira ao Papa Bento XVI que intervenha "pessoalmente e publicamente" com os cristãos em protesto contra a negação do Holocausto na conferência realizada em Teerã, informou seu porta-voz.

A conferência sobre o Holocausto em Teerã, que terminou na noite de terça-feira, permitiu que revisionistas ocidentais negassem a realidade do genocídio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial e foi condenada duramente pela comunidade internacional.

O encontro entre o Papa e o premier de Israel durou 35 minutos.

Mais tarde, durante a entrevista conjunta à imprensa ao lado de Prodi, Olmert afirmou aos jornalistas que "a posição do Papa não tinha ambigüidade alguma" a respeito do negacionismo.

"Consideramos que havia uma declaração pessoal, e não um comunicado" pedindo para que se condenasse a negação do Holocausto, acrescentou.

Na terça-feira, a Santa-Sé ressaltou em um comunicado que a Shoah "foi uma enorme tragédia, diante da qual não podemos ficar indiferentes", acrescentando que "a lembrança desses fatos terríveis deve ser considerado uma advertência para as consciências".

Ehud Olmert também informou que convidou o Papa para visitar Israel: "ele concordou a princípio", mesmo que nenhuma data tenha sido estipulada, disse o primeiro-ministro, frisando que Bento XVI o havia "surpreendido por seu ótimo conhecimento da região".

O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, em seguida declarou que uma viagem do Papa a Israel e à Terra Santa "apenas será possível em condições de paz ou pelo menos de trégua estável e certa", segundo a agência italiana Ansa.

Olmert também conversou com monsenhor Dominique Mamberti, secretário para as relações com os Estados, e com o subsecretário monsenhor Pietro Parolin, destacou o Vaticano em comunicado.

De acordo com esta nota "foram evocados durante estas conversas os temas da paz no Oriente Médio e da situação da comunidade católica em Israel".

Segundo o porta-voz de Olmert, o premier pediu ao Papa que incentive os cristãos a protestarem contra a negação do Holocausto, no dia seguinte ao fim de uma conferência revisionista organizada em Teerã.

O primeiro-ministro israelense também se comprometeu a acelerar o ritmo das negociações entre a Santa Sé e Israel sobre o estatuto fiscal da Igreja Católica no Estado hebreu e a preservação dos lugares santos do cristianismo e de outras propriedades eclesiásticas.

A visita de Ehud Olmert ao Vaticano aconteceu no momento da retomada, nesta quarta-feira em Jerusalém, dos trabalhos da comissão bilateral entre a Santa Sé e Israel para finalizar a parte econômica do acordo fundamental entre os dois Estados concluído em 1993.