A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) anunciou nesta quinta-feira que escreveu à Grã-Bretanha pedindo explicações a respeito do cancelamento de uma investigação sobre corrupção que envolve a Arábia Saudita e o fabricante britânico de armas BAE Systems. "A carta foi enviada antes do Natal e nela pedimos informações extras sobre o caso", declarou Nicholas Bray, responsável de comunicação da OCDE, confirmando informações publicadas pela imprensa.

O governo britânico encerrou em meados de dezembro uma investigação realizada pela Agência de Fraudes Graves (o serviço de combate aos crimes financeiros) sobre supostos subornos no marco de um contrato gigante de venda de armas assinado entre Londres e Riad nos anos 80, conhecido sob o nome de Al Yamamah.

Segundo a imprensa britânica, a Arábia Saudita pressionava há várias semanas para que a investigação fosse interrompida, ameaçando a BAE Systems de bloquear suas compras de aviões de caça Eurofighter.

De acordo com o Financial Times, esta carta foi escrita por Mark Pieth, que dirige o grupo de luta contra a corrupção na OCDE, com o apoio dos países membros do comitê de direção do grupo, entre eles Estados Unidos, Japão, França, Suécia, Suíça e Grécia.

"Por enquanto não se acusou a Grã-Bretanha", explicou Pieth ao jornal. "Só quero escutar uma explicação e espero que seja uma boa explicação", acrescentou. A chancelaria britânica confirmou o recebimento da carta e disse que a mesma será respondida no momento "adequado".

A decisão de anular a investigação, assumida pessoalmente pelo prêmie Tony Blair, em nome do "interesse geral" da Grã-Bretanha, vem gerando inúmeras críticas entre a classe políticas, as ONGs e os acionistas da BAE Systems.