Economia Titulo Crise
Ford coloca 424 em banco de horas por tempo indefinido

Para ajustar produção à fraca demanda, montadora
de São Bernardo deixa em casa quase 10% do efetivo

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
21/02/2015 | 07:22
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Celso Luiz/DGABC


A Ford vai colocar em banco de horas, a partir de segunda-feira, 424 funcionários da fábrica de São Bernardo, por tempo indefinido. A medida, segundo a empresa, é para adequação do volume de produção à atual realidade do mercado. Atualmente, de acordo com a montadora, a unidade fabril da região conta com cerca de 4.700 empregados, o que significa que quase 10% do quadro ficará em casa, até que as vendas reajam.

O segmento automobilístico nacional teve retração de 18,8% na comercialização de veículos em janeiro, na comparação com igual mês de 2014, sendo que somente os emplacamentos de caminhões encolheram 28,8% no período, de acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Os números da Ford não foram tão ruins, em relação ao mercado, mas também assinalam retração neste ano. Em automóveis, a queda nos licenciamentos da marca foi de 15,3% e, em veículos pesados, a retração foi de 3,5%.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por conta do desempenho do mercado, a montadora vai reduzir a produção de caminhões (a linha Cargo e modelos da série F), de 17 para 14 por hora, e, dos carros (o novo Ka e a picape leve Courier), de 55 para 44 por hora.

MERCADO - A fabricante não é a única a buscar formas de reduzir a ociosidade em suas unidades fabris. A Volkswagen, também em São Bernardo, ameaçou demitir e depois retrocedeu de 800 cortes em janeiro, mas iniciou PDV (Programa de Demissão Voluntária), que segue aberto até dia 27.

A General Motors, em São Caetano, ampliou em janeiro em 100 funcionários o lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho), que totaliza 950 trabalhadores e vai até abril, e ofereceu PDV, com a adesão de apenas 40 pessoas. Trabalhadores afastados fizeram ato na semana passada em frente à fábrica da região e afirmaram que 180 pessoas já perderam o emprego na unidade neste ano.

Em São José dos Campos, os trabalhadores da GM na cidade entraram em greve ontem, em protesto contra a ameaça de demissão coletiva. Na semana passada, 800 trabalhadores voltaram de lay-off. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José, a montadora propôs a abertura de nova suspensão para 794 pessoas, por dois meses e, após esse período, todos seriam demitidos – a alternativa à suspensão seria a demissão imediata desse contingente. A GM protocolou na Justiça pedido de dissídio coletivo por julgar a paralisação como ilegal e abusiva.

A Mercedes-Benz, em São Bernardo, embora não tenha efetuado cortes neste ano, no fim de 2014 despediu 160 trabalhadores (outros 100 aderiram a PDV), ação que em janeiro ainda provocava paradas na produção na tentativa de readmitir o pessoal.  




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