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Papa faz apelo pela liberdade religiosa na Asia
Do Diário do Grande ABC
06/11/1999 | 18:35
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O papa Joao Paulo II lançou neste sábado um apelo à liberdade religiosa na Asia, especialmente na China, em seu primeiro dia de visita a Nova Delhi. Dirigindo-se a ``governos e representantes das naçoes', Sua Santidade solicitou ``a adoçao e implantaçao de políticas que garantam a liberdade religiosa a todos os cidadaos'.

``O direito à liberdade de crenças deve ser respeitado em todo o continente!', pediu o Sumo Pontífice, de 79 anos, na homilia pronunciada durante a cerimônia realizada na catedral do Sagrado Coraçao para a assinatura das conclusoes do sínodo dos bispos da Asia. Trata-se de um documento de 150 páginas no qual a China é citada várias vezes.

``Nao permiti que as dificuldades e as lágrimas diminuam vosso apego a Cristo e o compromisso com vossa grande naçao', recomendou o Papa aos católicos chineses.

O Papa pediu ainda ``a todas as naçoes' o reconhecimento do ``direito à liberdade de consciência e religiao, assim como de outros direitos humanos fundamentais'.

O Vaticano considera a Asia, onde vivem dois terços da populaçao mundial - 3% católicos - uma terra de evangelizaçao.

Os dirigentes indianos garantiram a Joao Paulo II desde sua chegada, na noite desta sexta-feira, que na India imperava a tolerância religiosa. ``Na India, a liberdade religiosa existe; dispomos de uma constituiçao leiga tanto em seu conteúdo quanto em seu espírito e acreditamos na coexistência', disse o hindu Narayanan, primeiro presidente da República procedente da casta dos ``intocáveis'.

As agressoes aos católicos neste país nao foram abordadas durante a entrevista entre o Papa e o primeiro-ministro nacionalista, Atal Behari Vajpayee, que se limitou a evocar a existência de ``grupos intolerantes', segundo o Vaticano. A minoria crista da India (2,4% de um bilhao de indianos) é vítima há dois anos de atos violentos.

O Sumo Pontífice aproveitou sua estada na India para entregar US$ 300 mil de ajuda às vítimas do furacao que atingiu há uma semana o estado de Orissa, deixando mais de 1.500 mortos.

Nenhuma manifestaçao importante marcou o primeiro dia do Papa em Nova Delhi, onde grupos radicais hindus protestaram nas últimas semanas, acusando os cristaos de realizar conversoes forçosas.

Só três homens se manifestaram brevemente antes que as forças policiais os detivessem na parte externa do memorial a Mahatma Gandhi.

``Nenhuma cultura sobreviverá se pretender ser exclusiva', escreveu o Papa no livro de anotaçoes, após depositar flores sobre o monumento de mármore negro dedicado à memória do seguidor da nao-violência e herói da independência indiana.

Uma ceia no núncio apostólico encerrará o primeiro dia de visita do Papa à India. Este domingo, dia do Diwali, festa hindu das luzes, Joao Paulo II celebrará uma eucaristia solene que deverá ser assistida por cerca de 70 mil pessoas e depois se reunirá com os representantes de diferentes comunidades religiosas. Esta segunda-feira, o Papa partirá da India rumo à Geórgia, onde deverá dar continuidade à 89ªviagem de seu pontificado.




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