O suposto envolvimento do vereador pastor Isaías Maria (PV), de Diadema, com esquema de fraude no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) poderá provocar mais desgaste. O delegado da PF (Polícia Federal) responsável pelo inquérito, Fernando Bronhtacq, garantiu que nesta sexta-feira enviará à Câmara de Diadema ofício denunciando o parlamentar por uso indevido do carro oficial. A confusão aconteceu na sexta-feira, quando o vereador foi autuado pela PF em Diadema para prestar esclarecimentos em Sorocaba, onde se desenrola o esquema e o inquérito.

Isaías foi até a cidade com o carro oficial da Câmara, e o fato foi registrado pela imprensa local. “Ele deixou o carro parado aqui, na frente da delegacia. É um absurdo, vergonhoso”, disse o delegado. “Encaminharei um ofício o mais rápido possível para a Câmara, amanhã (nesta sexta-feira) mesmo.”

Pelo regimento da Câmara, os vereadores podem usar os carros oficiais fora das fronteiras de Diadema, mas para atender a atividades legislativas. Fora disso, o uso pode ser considerado irregular e o parlamentar, punido pela presidência da Câmara. Porém, o secretário jurídico da Casa, Antonio Janetta, explicou que até quinta-feira não havia nenhuma prova consolidada para se adotar uma possível punição ao vereador. “A princípio não há previsão de punição, a não ser que haja uma representação. Daí a Mesa Diretora teria de tomar providências”, argumentou. Essa representação pode ser movida por qualquer cidadão à Câmara.

O assunto foi discutido quinta-feira em reunião de vereadores com integrantes da Mesa, que decidiram alertar os parlamentares que estão no primeiro mandato, como Isaías, sobre a regulamentação do uso dos carros oficiais. Janetta disse que o presidente da Casa, vereador Marquinhos Ernandez (PT), enviará aos novatos um ofício com as orientações. “O vereador (Isaías) provavelmente desconhecia o regulamento ao usar o carro dessa forma”, comentou ainda o assessor jurídico.

Indiciado – A PF de Sorocaba indiciou o vereador como participante das fraudes de aposentadorias especiais do INSS, com o fornecimento de documentos falsificados. Os papéis e disquetes apreendidos no escritório do vereador em Diadema estão sendo submetidos a perícia, no núcleo de criminalística da polícia. “Existem evidências claras de que ele (Isaías) participava desse esquema”, disse o delegado da Polícia Federal Fernando Bronhtacq. O inquérito, ainda em andamento, deverá terminar no começo de março. “Mas esse prazo poderá ser prorrogado”, explicou.

Durante a sessão de quinta-feira da Câmara, o vereador usou a tribuna para apresentar sua defesa no caso. Num breve discurso, ressaltou que estava sendo vítima de calúnias e passava por um momento tenebroso. “Mas estou aberto à Justiça, à Câmara e à população para esclarecer tudo”, discursou. Nesta sexta-feira à tarde, o verde concederá entrevista coletiva em seu gabinete.

Já a presidência da Casa aguarda o desdobramento da investigação para tomar qualquer atitude em relação ao vereador, que é o primeiro secretário da Mesa Diretora. Segundo o secretário jurídico da Câmara, Antonio Janetta, nesse momento não há uma infração político-administrativa que exija punição, como o afastamento do posto ocupado na Mesa, ou até mesmo do mandato. “Se houver condenação transitada em julgado, daí sim ele poderá vir a ser cassado”, explicou o secretário jurídico.