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Alta do preço do álcool em postos nao beneficia produtor
Do Diário do Grande ABC
05/11/1999 | 16:52
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Apesar dos preços do álcool terem registrado um aumento de até 50% nos postos de combustíveis no último mês, os produtores nao estao se beneficiando desta elevaçao de preços, segundo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, superintendente da Uniao da Agroindústria Canavieira de Sao Paulo (Unica) e do Sindicato da Indústria de Fabricaçao do Alcool no Estado de Sao Paulo. Segundo ele, os preços pagos ao produtor caíram de forma expressiva a partir do final do ano passado, atingindo seu menor nível em abril/maio de 1999, pressionado pelo aumento expressivo dos estoques do produto, que chegaram a 2,8 bilhoes de litros no final da safra 1998/99. "Agora os preços pagos ao produtor estao se recompondo gradualmente, ficando no final de outubro a R$ 0,29594 por litro ante R$ 0,16532 no final de maio", disse.

A expectativa dos produtores é de que o preço pago ao produtor atinja o nível ideal de R$ 0,4134 por litro, que é um nível próximo ao registrado em maio de 1997, antes da desregulamentaçao do setor. "O litro a R$ 0,4134 possibilitaria ao produtor voltar a investir no setor e criar empregos", disse.

A forte queda nos preços do litro do álcool na "bomba" (nos postos de combustíveis) que chegaram a cobrar entre R$ 0,422 e R$ 0,566 nos últimos meses, deveu-se à uma prática de dumping por parte dos distribuidores em uma tentativa de conquistar mercado após a desregulamentaçao do setor, segundo o superintendente da Unica. Segundo ele, muitas distribuidoras conseguiram cobrar menos porque deixavam de recolher impostos ou porque reduziram suas margens. "Agora, a partir de setembro, quando o governo mudou a forma de recolher o ICMS, a sonegaçao ficou mais difícil e os postos estao tendo que cobrar o preço real do álcool, que até o momento nao estava sendo cobrado", disse.

Segundo ele, em setembro, o preço real do álcool - contendo o preço pago ao produtor, mais margem de revenda, distribuidora e impostos - era de R$ 0,6559 por litro, mas chegou a ser vendido a R$ 0,458. Em outubro, o preço "real" era de R$ 0,7381, mas os postos chegaram a cobrar R$ 0,566. Por outro lado, os estoques de álcool já nao estao tao elevados, o que tem auxiliado também a recuperaçao dos preços do combustível. De maio até outubro, os preços pagos ao produtor subiram R$ 0,13 por litro enquanto o preço na bomba subiu cerca de R$ 0,21.

Carvalho disse também que o atual preço ao produtor pretendido pelo setor - de R$ 0,4134 por litro - é semelhante ao preço registrado em maio de 1997 e nao contém os aumentos de custos de 29,53% (de acordo com a Fundaçao Getúlio Vargas) provocados pela desvalorizaçao cambial do início deste ano. Segundo Carvalho, em maio de 1997 o preço real do litro do álcool era de R$ 0,8238, mas com o subsídio da "Conta Alcool", este preço caia para R$ 0,6938 enquanto o litro da gasolina era de R$ 0,8060, criando uma paridade de 85%. "Agora, o subsídio nao existe mais e isto também contribuiu para o aumento do preço ao consumidor", disse. Ele afirma que o preço ideal do álcool na bomba é de R$ 0,93 e que este preço teria uma paridade de 76% em relaçao ao preço do litro da gasolina cobrado hoje, entre R$ 1,22 e R$ 1,42.

Carvalho disse também que a média do custo de produçao do litro de álcool é hoje de R$ 0,35 e o setor continua trabalhando no prejuízo. Segundo ele, o setor sucroalcooleiro assinou um acordo com toda a cadeia produtiva de que continuará abastecendo o setor automotivo mesmo que o açúcar registre uma alta de preços no mercado externo. Carvalho disse também que nao sabe se a meta de remuneraçao para o produtor pretendida pelo setor será atendida e também nao sabe qual o nível de preço que o álcool atingirá para o consumidor final mas ele disse que ele nao terá uma vinculaçao com o preço da gasolina. "O preço do álcool nao será pré-fixado ao da gasolina", disse ele.




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