Tonho (Rodrigo Santoro) é incumbido pelo pai (José Dumont) de vingar o assassinato do irmão mais velho por uma família rival em uma luta feudal pela posse de terra. Salles se apóia em um fato semelhante ocorrido no Ceará no início do século XX. O outro filme da Mostra é Os Alvos que Queremos Virgens, curta que passa antes de Abril Despedaçado.
No filme de Salles, o patriarcal mundo em que pais e filhos vivem é causa e efeito de um ciclo vicioso. Com o assassinato do filho mais velho da família Breves pelos Ferreira, a missão de Tonho é vingar o irmão, matando alguém entre os rivais. Jurado de morte ao concluir sua missão, Tonho conta os dias que lhe restam e vê esperança no irmão caçula, Pacu (Ravi Ramos Lacerda).
Um ciclo árido que começa sob o sol – a luz do filme é natural, difícil de fotografar, como atesta o ótimo diretor de fotografia Walter Carvalho – e termina no mar. A visão de Antonio Conselheiro, promessa de água no sertão, lida por Glauber Rocha como metáfora de revolução em Deus e o Diabo na Terra do Sol, é relida por Walter Salles com os olhos do menino como esperança.
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