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Oetker quer comprar marcas Sadia e Dona Benta
Do Diário do Grande ABC
10/03/2000 | 16:20
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A Oetker Produtos Alimentícios Ltda. está em fase final de negociaçao com a Lapa Alimentos S/A para a aquisiçao de duas de suas divisoes: misturas para bolos e gelatinas. O valor da transaçao ainda nao foi fechado. Existe a pendência da preservaçao ou nao das marcas Sadia e Dona Benta. Se a alema decidir por mantê-las no mercado o valor da operaçao ganha novos dígitos. A Sadia Concórdia S/A detém 50% das açoes da Lapa e o restante pertence à J. Macêdo Alimentos S/A.

Com dívida da ordem de R$ 34 milhoes a empresa é deficitária desde 1993. Há dois anos fechou o balanço acusando prejuízo de R$ 230 mil. Em 1999, o risco aumentou substancialmente e as perdas alcançaram cifras muito superiores: R$ 17,1 milhoes. A Lapa, uma empresa diversificada, foi desmembrada por seus acionistas para agilizar a venda.

Dona de dois moinhos de trigo, um em Sao Paulo e outro em Santos, é produtora da farinha de trigo que leva a marca Dona Benta. Uma fábrica de massas secas em Itapetininga, no Interior do Estado de Sao Paulo, fabrica a Premiata. As misturas Sadia e Dona Benta e a gelatina Sadia sao produzidas na unidade de Sao Paulo.

"Até o final de abril estaremos analisando as propostas de compra apresentadas por algumas empresas para negociar as outras partes", informou uma fonte. Segundo essa fonte, a negociaçao que avançou com maior rapidez foi com a Oetker, embora houvesse outros interessados. A indústria que produz massas secas, segundo a fonte, está atraindo atençao de vários empresários do setor. A maior dificuldade, confessa, será negociar os moinhos.

"A J. Macêdo nao dispoe de dinheiro para bancar investimentos e decidiu colocar sua parte à venda", afirmou uma fonte do setor. A Sadia alega que nao pretende desembolsar numa área que nao lhe interessa. "Nosso foco está centrado em produtos de maior valor agregado, por isso nao demos prioridade ao segmento", afirma Luiz Gonzaga Murat Junior, diretor de finanças e relaçoes com o mercado. No ano passado a empresa obteve um faturamento bruto de R$ 173 milhoes, sendo R$ 40 milhoes provenientes das linhas de mistura e gelatina.

Mercado - O setor de misturas para bolo movimentou no ano passado uma cifra próxima a R$ 45 milhoes, despejando 29 mil toneladas de bolo no mercado. Pesquisa da ACNielsen revela que o crescimento médio tem sido em torno de 30% ao ano. A produçao de misturas para bolo da Lapa beirou 12 mil toneladas em 1999 e a de gelatinas cerca de 7 mil toneladas. A líder de mercado é a marca Sol, da Santista. Dona Benta e Sadia estao em segundo lugar no ranking. As marcas Wilma e Oetker ocupam terceiro e quarto lugares, respectivamente.

Claudia Rocha, diretora de marketing da Oetker, diz "nao ter autorizaçao para falar sobre o assunto", porém, garantiu que a Oetker, dentro de um mês, roubará uma fatia do mercado tomando o lugar da mineira Wilma e em breve conquistará a vice-liderança. "Estamos trabalhando neste sentido", afirma.

A Oetker obteve um faturamento de R$ 45 milhoes em 1998, saltando para R$ 65 milhoes no ano seguinte. A previsao para 2000 é atingir R$ 70 milhoes. "Cerca de 19% vêm da mistura para bolo", afirma Claudia. Somando a essas duas linhas a Oetker produz no Brasil chás, sobremessas e snacks. O investimento deverá triplicar este ano ante os R$ 3,5 milhoes aplicados no ano passado. "A inteçao é desembolsar R$ 10 milhoes em aumento de produçao e marketing", afirma.

Hoje a alema detém 14,3% do setor de gelatina e 10% de misturas para bolos. É um mercado apetitoso. Levantamento da ACNielsen revela que de 1997 para cá a Oetker teve um aumento de 105% no volume de vendas de misturas para bolo e 38,5% em gelatinas. O faturamento mundial da alema foi de US$ 6,3 bilhoes em 1998 e a receita do ano passado ainda nao foi divulgada. Com 200 empresas espalhadas pelo mundo a Oetker atua nas áreas marítima, turismo, alimentos e bebidas.




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