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Jovens de até 24 anos trabalham muito e ganham pouco no comércio
Luciele Velluto e William Glauber
Do Diário do Grande ABC
21/07/2006 | 08:36
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Os jovens comerciários trabalham muito e ganham pouco. A sentença resulta de pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo (filiado à Força Sindical) sobre o perfil do trabalhador com idade entre 16 e 24 anos. O estudo revela que 56% dos jovens do comércio acumulam jornada semanal acima de 44 horas, com rendimento médio de R$ 534 ante R$ 633 na indústria e R$ 640 no setor de serviços.

O levantamento consultou mais de mil comerciários moradores da capital, mas, segundo avaliação dos técnicos do Dieese e do Sindicato, os indicadores finais podem ser estendidos à realidade de outras regiões. Desse modo, as dificuldades enfrentadas pelos jovens na cidade de São Paulo também se refletem na realidade cotidiana de jovens de todo o comércio do país.

A pesquisa aponta que 89% dos entrevistados têm interesse em prosseguir nos estudos, no entanto, 76% dedicam-se exclusivamente ao trabalho. Nesse quadro, a vendedora de Santo André Juliana Santello, de 21 anos e cinco de atuação profissional no setor, destaca-se positivamente porque consegue, com o salário próprio e jornada de segunda a sábado, custear a mensalidade e freqüentar a faculdade.

Juliana conta que o comércio é a principal porta para os jovens entrarem no mercado de trabalho. “É a questão da experiência, muito exigida no emprego em empresas e outros lugares. O comércio é o mais fácil, sem dúvida”, diz. A vendedora confirma uma constatação do estudo: “O jovem não consegue perceber identidade de categoria, exceto em uma ou outra ocupação. Maioria quer fazer curso de qualidade, mas sem voltar para comércio”, explica José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor do Dieese. Juliana estuda pedagogia.

A pesquisa revela também outros números significantes. Hoje, os jovens correspondem a 40% da massa trabalhadora do comércio de São Paulo, com um volume de 172 mil pessoas de um total de 428 mil empregados. Desse universo, 53% são mulheres, e 22% dos jovens assumem a função de chefes de família. No setor, mais de 35% dos assalariados não têm carteira assinada.

O presidente do Sindicato, Ricardo Patah, conta que os resultados da pesquisa serão utilizados para traçar estratégias de atuação da entidade. “O estudo apresenta vários caminhos a trilhar: fim da precarização, do baixo rendimento e da exploração.” Nesse sentido, ele destaca iniciativas de parcerias com universidades, por exemplo, como ações para valorização do jovem.



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