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CPI da Pirataria pede prisão de mais cinco policiais
Do Diário OnLine
Com AE
19/09/2003 | 23:30
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Os deputados federais da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Pirataria pediram nesta sexta-feira a prisão de mais cinco policiais – dois delegados e três investigadores – acusados de ligação com o contrabando. Todos são suspeitos de prevaricação, receptação, tráfico de entorpecentes, concussão (extorsão praticada por funcionário público) e corrupção passiva. Os nomes dos policiais não foram divulgados. Uma equipe da Corregedoria da Polícia Civil atua na busca dos acusados.

As prisões estão sendo decretadas com base nas escutas telefônicas determinadas pela Justiça Federal em Brasília sobre o esquema comandado pelo contrabandista Roberto Eleutério da Silva (‘Lobão’), que está preso na Polícia Federal desde 4 de setembro.

Dois policiais que tiveram a prisão determinada nesta sexta trabalham atualmente no 33º Distrito Policial, em Pirituba (zona Oeste de São Paulo). Os outros três integraram a equipe do ex-delegado Nicola Romanini, que era titular do 33º DP. Romanini está preso desde segunda-feira.

Um dos policiais incluídos no pedido de prisão é acusado de ter pressionado uma testemunha – cuja identidade é mantida sob sigilo – para depor a favor de Romanini. Ela teria sido "orientada" a forjar notas para justificar cargas irregulares comercializadas ilegalmente com auxílio dos policiais. A testemunha também recebeu ordem para que dissesse que "as uvas" que os policiais se referem nas gravações telefônicas são garotas e não dinheiro.

Segundo o promotor Rodrigo Canellas, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), "existem indícios materiais e provas testemunhais" contra os policiais. Seis policiais militares foram detidos pela Corregedoria da PM, supostamente ligados ao esquema de proteção ao contrabandista Lobão. Além de Romanini, outros três policiais civis também estão presos.

Sumiços - A CPI da Pirataria esperava ouvir nesta sexta-feira o depoimento do delegado Hector Sobrinho, que faltou pela terceira vez. O advogado dele apresentou uma declaração dando conta de que o cliente está internado no Hopistal Albert Einsten.

Segundo o documento apresentado aos deputados, Sobrinho foi internado de madrugada com problemas de pressão. Mas a declaração foi assinada por uma funcionário do plantão do pronto-socorro - e não por um médico. O deputado Júlio Lopes foi até o hospital, acompanhado por policiais federais, para verificar se o delegado estava mesmo doente ou se o ato era só um artifício para se livrar do interrogatório. Após 2h de espera, o parlamentar recebeu um boletim médico que diz que Sobrinho sofreu uma crise de hipertensão.

Dois investigadores acusaram Hector Sobrinho de ter ordenado a suspensão de uma apreensão de carga de cigarros falsificados supostamente pertencente a Lobão, apontado como o maior contrabandista de cigarros do país.

Como Hector faltou à sessão, os deputados passaram a ouvir a segunda pessoa convocada para esta sexta: Tânia dos Santos. Ela é apontada como tesoureira das empresas de Lobão e acusada de efetuar o pagamento aos policiais corruptos.

Ela foi submetida a acareação com os PMs Luiz Carlos Filho e Arnaldo Ferracini, que afirmaram que recebiam dela o pagamento pelos serviços de segurança pessoal à família de Lobão. Tânia começou a sessão dizendo desconhecer os dois PMs, mas voltou atrás pouco depois. Ela admitiu que já havia entregado envelopes aos policiais, embora tenha alegado que não sabia qual era o conteúdo deles.

Tânia teve de recuar mais uma vez, quando afirmou que não conhecia Lobão. Ela admitiu que um dos escritórios usados pelo contrabandista foi alugado em seu nome.

Os deputados da CPI contaram nesta sexta-feira que desapareceram discos de memória do computador usado pelo contrabandista. Os parlamentares reclamaram ainda de dificuldades na apuração do caso, por causa do alto envolvimento de policiais – segundo as investigações da CPI e do Ministério Público, o esquema de corrupção do contrabandista abrangia mais de 100 policiais.

Além do sumiço das CPIs e das dificuldades na apuração, os deputados reclamaram que promotores que atuam no caso tiveram os telefones grampeados ilegalmente por comparsas de Lobão. A espionagem serviria para deixar o contrabandista a par de todos os passos dos investigadores.




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