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Espanha: fome no mundo não reduzirá à metade antes de 2050
Da AFP
15/07/2004 | 20:54
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O coordenador do programa de Cooperação Descentralizada da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), Javier Pérez de la Veja, disse nesta quinta-feira na Espanha que o compromisso fixado em 1996, de reduzir à metade o número de pessoas com fome no mundo até 2015, não poderá ser alcançado até 2050 se a tendência atual continuar e será muito tarde para muitas pessoas.

De la Veja fez essa previsão durante seu discurso no evento ‘Pobreza, microcréditos e desenvolvimento’, inaugurado nesta quinta-feira pela rainha Sofía, dentro do Fórum-2004 de Barcelona, na Espanha.

De acordo com dados da FAO relativos ao período 1999 a 2001, existem 842 milhões de pessoas famintas no mundo, das quais 34 milhões vivem em economias de transição, outras 10 milhões em países desenvolvidos e o restante em países em desenvolvimento.

Em 1996, 112 Chefes de Estado e de Governo reunidos na primeira Cúpula Mundial da Alimentação, que trabalhavam com o dado de 860 milhões de famintos, se comprometeram a reduzir esse número à metade em 2015.

O mesmo compromisso foi referendado na Cúpula do Milênio da ONU (Organização das Nações Unidas), celebrada em 2000.

O coordenador baseou sua afirmação no fato de que, entre 1999 e 2001, numa comparação com o período de 1995 a 1997, o número de famintos caiu em 18 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento. Para cumprir as Metas do Milênio seria necessário passar dos dois milhões de pessoas por ano que saem desta situação para 25 milhões anuais.

Atualmente, 38 países dependem de ajuda alimentar para que sua população sobreviva, alerta a FAO.

"Entre 70% e 75% dos famintos vive no mundo rural. São, sobretudo, camponeses sem terra ou pequenos proprietários, com uma agricultura de subsistência e pouca formação tecnológica e, em sua maioria, se concentram na Ásia e na África subsaariana", disse de la Vega.

Porém, alertou que está ocorrendo uma "urbanização da pobreza", em decorrência do crescimento da população das cidades, que passará dos quatro bilhões atuais para oito bilhões em 2030, uma tendência que "transfere o problema ao meio urbano, mas não o resolve".

Apesar dessa situação, as estimativas da FAO indicam que "a disponibilidade de alimentos é suficiente para todos, sempre cresceu mais que a população", e que a população deve se estabilizar em nove bilhões em 2050. "O problema é político, de falta de vontade", afirmou.

Se essa situação continuar e as metas da ONU não forem alcançadas, de la Vega acredita que a estabilidade e a paz mundial sempre estarão em dúvida.

Porém, em uma tentativa de passar uma mensagem otimista, concluiu dizendo que “o problema tem solução, se unirmos esforços”.




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