Economia Titulo Consumo
Crise hídrica dobra vendas de água mineral

Por medo de racionamento, morador da região estoca garrafas e galões; preço sobe cerca de 10%

Marina Teodoro
Especial para o Diário
06/02/2015 | 07:46
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Ricardo Trida/DGABC


A crise hídrica que afeta todo o Estado de São Paulo tem aumentado a venda de água mineral de distribuidoras e supermercados da região. Com medo do racionamento, moradores estão estocando garrafas e galões, fazendo com que a demanda dos estabelecimentos chegue a crescer até 100%. 

Mesmo com o encarecimento de até 10% no preço do produto, em relação ao mesmo período do ano passado, para média de R$ 12, a falta de água, que já afeta o Grande ABC, contribuiu para que algumas empresas dobrassem a comercialização. É o caso da Delta Água Mineral, de São Bernardo. De acordo com o proprietário, Nilton Alves de Souza, “em 14 anos no ramo, nunca vi nada assim. Este ano bateu recorde de vendas”. A distribuidora, que no verão de 2014 comercializava em torno de 3.000 galões por mês, agora chega a 6.000 unidades.

A enfermeira andreense Claudia Silva Alegreti, 35 anos, foi uma das pessoas que ampliou o seu consumo de galões de água por precaução. Ela comprava dois de 20 litros por mês, para sua família de oito pessoas, e agora passou a consumir cinco. “Comprei três a mais para estocar mesmo. Recentemente, por diversas vezes, fui pega desprevenida e fiquei sem água em casa. Não tinha nem para fazer comida”, conta ela. 

O dono da Distribuidora de Água Mineral Edi-J, de Santo André, Ronaldo Florença Sobral, aponta que o reajuste de 10% no preço do produto se deveu ao aumento do diesel – em novembro o combustível encareceu 5%, em torno de R$ 0,13. Mas, ainda sim, ele teve alta de 30% nas vendas de sua empresa, movimento que teve início quando o nível da Cantareira começou a baixar, em outubro, e a hipótese de falta de água passou a se tornar realidade. “O povo fica desesperado com essa situação e começa a consumir muito mais.”

 O gerente do supermercado Nagumo em Santo André, Fábio Lacerda, também notou alta de 30% em comparação a janeiro do ano passado. “Esse aumento vem ocorrendo desde novembro, quando a mídia começou a divulgar a intensidade dos problemas hídricos.”

Em reportagem do Diário em fevereiro de 2014, Sobral havia apontado que, por conta do calor, que chegou a registrar temperaturas de 36,4ºC na região, conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), sua empresa sofreu com a falta de galões devido à alta demanda. “Neste ano estamos mais preparados e não passamos por essa situação.” Mesmo com o calor do início de 2015 tendo sido ainda mais forte, com termômetros registrando até 40ºC, como no dia 13 de janeiro, em São Bernardo. 

Esse calorão animou o sócio da Patrimônio Distribuidora de Água em Santo André, José Soares. “Somado com a seca, impulsionou aumento de 15% nas vendas da empresa.”
 

Nas firmas de Souza e Soares, o comércio de galões vazios, que saem em média a R$ 5, vem batendo recorde desde o mês passado, porque os consumidores têm aproveitado o recipiente para armazenar água, fazendo as vezes de balde, só que com orifício menor, o que diminui a incidência de mosquitos, como o da dengue.

 A publicitária de São Caetano Fernanda Pires, 28, fez essa escolha. “Como moro em apartamento, quando acaba água, ficamos sem opção. Até que ela tenha força para subir ao meu andar, demora. Então tenho comprado muitas garrafas de água mineral para uso pessoal, e guardo os galões para colocar água de reúso, da máquina de lavar.” 




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