Economia Titulo Crise automotiva
Karmann não paga funcionários

Sindicato diz que empresa prorroga promessa para liquidar dívida entre hoje e segunda-feira

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
06/02/2015 | 07:05
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Nario Barbosa/DGABC


A Karmann Ghia não cumpriu a promessa de pagar os salários atrasados ontem. Na quarta-feira, a diretora Mônica Marani garantiu ao Diário que estava “tudo ok” para os pagamentos. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa informou que liquidará parte dessas dívidas hoje e, o restante, na segunda-feira.

Além disso, mais 18 trabalhadores foram demitidos. Ao todo, desde o início da semana, a companhia dispensou 96 operários da linha de solda. “Infelizmente, não dá para garantir que eles não dispensarão mais. Ainda tem muita gente ociosa da fábrica (estimativa inicial de 250, quando a companhia tinha cerca de 600 empregados). Acredito que eles demitirão nos próximos dias mais umas 20 pessoas”, explicou o coordenador do sindicato na Karmann, Valter Saturnino Pereira, o Valtinho.

REUNIÃO - No entanto, ontem, após nova reunião com comissão de trabalhadores, a direção da companhia, controlada pelo Grupo Nardini, informou que não teria como depositar os salários ontem, contou Valtinho. “Tinham umas notas (pedidos) da Fiat (cliente da Karmann) que foram utilizadas para acerto de contas de dívidas de matéria-prima para produção destinada à própria montadora (para as portas do Palio). Além disso, o dinheiro faturado (com a Fiat) não entrou na conta da Karmann hoje (ontem)”, explicou o sindicalista.

Por isso, a nova promessa da empresa de ferramentaria e estamparia, localizada em São Bernardo, é de depositar amanhã todos os pagamentos atrasados referentes ao dia 30 de dezembro.

O restante entrará na conta dos funcionários e demitidos na segunda-feira. Fazem parte desta liquidação o adiantamento do dia 15 e o pagamento do dia 30, ambos débitos de janeiro, as férias atrasadas de dezembro e parte da segunda parcela do 13º salário de vários metalúrgicos.

Procurada, a empresa não atendeu às ligações da equipe do Diário no início da noite de ontem.

CRISE - No dia 19, a empresa havia garantido aos trabalhadores que liquidaria ontem os salários e benefícios atrasados. Na ocasião, apresentaram as contas da fábrica para uma comissão de empregados para provar os motivos da falta de pagamento.

A fabricante informou ainda, ao Diário, na época, que não tinha a intenção de demitir devido à qualidade profissional dos seus funcionários, que estavam prontos para tocar qualquer um dos projetos que a área comercial estava debruçada.

Porém, após dar início aos cortes, nesta semana, a diretora Mônica Marani explicou que as demissões faziam parte de uma adequação do quadro de funcionários para garantir a continuidade saudável da Karmann Ghia. Observou, ainda, que durante os primeiros seis meses de controle do Grupo Nardini essa medida foi postergada. Mas que não houve outra solução.

Vários dos trabalhadores que foram dispensados ficaram muito insatisfeitos com o descumprimento da promessa de pagamento. Parte deste grupo tem a intenção de protestar na porta da fábrica hoje, porém, sem o apoio do sindicato. Dentre aqueles que ainda tiveram o registro em carteira mantido, a procura por outro emprego começa a se tornar realidade, devido à insegurança apresentada pela empresa.

Valtinho destacou que entraram novos pedidos de empresas na Karmann, mas que não foram suficientes para que a ociosidade na fábrica fosse eliminada. “Agora, nossa expectativa é que a área comercial da empresa vá fundo na busca de novos serviços.”

ORIGEM - A Volkswagen representava parte considerável do faturamento da Karmann, praticamente a metade. Porém, entre o fim de 2013 e o começo de 2014, encerrou as linhas de produção da Kombi e do Gol G4.

Por causa dessa decisão da montadora, a receita da Karmann caiu cerca de 79%, de média anual de R$ 264 milhões para R$ 54 milhões. De julho até hoje, após o Grupo Nardini ter adquirido a companhia, o faturamento subiu e chegou ao valor anualizado de R$ 108 milhões (R$ 9 milhões mensais). A estimativa da companhia é chegar a R$ 13 milhões mensais até o fim de 2015. 




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