Economia Titulo Automotivo
Em 12 meses, 9.651 vagas a menos

Em meio à demanda fraca e estoques altos; empresas
reduziram em até 7% postos de trabalho em 12 meses

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
06/02/2015 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Com o pátio cheio de carros e forte queda nas vendas, a indústria automobilística segue cortando postos de trabalho. Em todo o País, as montadoras eliminaram 200 vagas em janeiro e já são quase 10 mil postos perdidos nos últimos 12 meses. Foram, mais precisamente, 9.651 vagas fechadas nas fabricantes de veículos nesse período. Atualmente, o segmento nacional emprega 125,8 mil pessoas, 7,1% menos que no mesmo mês de 2014, quando contava com 135,4 mil. No ano passado, só no Grande ABC, as companhias do ramo reduziram 1.860 empregos. No mês passado, somente a Volkswagen abriu PDV (Programa de Demissão Voluntária) em São Bernardo, mas o número de adesões ainda não foi divulgado. 
 

O cenário é preocupante. O ano de 2015 começou com retração de 31% nas vendas de veículos (incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) em relação a dezembro e de 19% frente a janeiro de 2014. Apesar disso, a fabricação de carros ficou praticamente estável nos últimos dois meses – aumento de 0,4% no total produzido –, o que fez com o estoque nas indústrias e concessionárias permanecesse elevado. O setor acumula o correspondente a 38 dias (tempo necessário para a comercialização dos carros estocados pelo ritmo atual do mercado), contra 41 em dezembro. Na comparação com o primeiro mês do ano passado, as empresas diminuíram em 14% o número de veículos que estão saindo da linha de montagem.

Esses dados foram fornecidos ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). De acordo com o presidente da entidade, Luiz Moan, a queda na demanda por automóveis e comerciais leves era esperada, por causa das políticas de ajuste fiscal, por parte do governo federal – que retirou o incentivo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para os carros neste ano –, e da falta de confiança do consumidor e das empresas em relação aos rumos da economia. 

CAMINHÕES

No entanto, Moan cita que os resultados do segmento de caminhões ficaram bem abaixo das expectativas. As vendas desses veículos caíram 44% em janeiro em relação a dezembro e quase 30% (28,8%) na comparação com mesmo mês de 2014. Um dos motivos foi a demora na operacionalização, neste ano, das linhas do programa PSI-Finame, do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), para o financiamento de veículos pesados com juros reduzidos, o que só ocorreu dia 19 janeiro. Em 2014, a taxa do PSI estava em 6% ao ano e agora subiu para 9,5% (para as pequenas empresas), e a instituição deixou de financiar 100% do produto – caiu para 70%. Pode chegar a 90%, mas com juros um pouco mais altos e variáveis.

Para piorar, somente na quarta-feira o banco atendeu a reinvidicação do setor para oferecer taxa pré-fixada referente ao percentual que falta para chegar aos 90% de financiamento. O vice-presidente da Anfavea, Marco Antonio Saltini, explica que, mesmo assim, ainda é atrativo: a taxa resultante fica em 11,27% ao ano para as pequenas empresas e 12,55% para as de grande porte. 

Associação espera retomada das vendas no 2º semestre

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, considera que as vendas de veículos devem reagir, sobretudo no segundo semestre, entre outros fatores, por causa da lei que facilitou a retomada do bem por parte dos bancos, no caso de inadimplência. Ele acrescenta que medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo federal neste início de ano devem gerar melhora no nível de confiança nos investidores nacionais e estrangeiros, com impacto no consumo também. 

Ao mesmo tempo, a associação está no aguardo da definição de um plano nacional de exportações, para estimular as vendas ao Exterior, que se beneficiam atualmente de um câmbio mais favorável. Moan acrescenta que o governo está avaliando melhorar acordos bilaterais já existentes, por exemplo, com o México, e também buscando novos parceiros, como a Colômbia, em que, neste caso, já existe negociação bem avançada entre as associações de montadoras do Brasil e desse país. 




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