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Paris: festas para comemorar o novo milênio
Irineu Masiero
Enviado à França
23/12/1999 | 17:51
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Paris é uma festa, escreveu Ernest Hemingway (1899-1961) na primavera de 1960 sobre o período que passou na cidade, entre 1921 e 1926. E agora, às vésperas da virada do milênio, a cidade reforça a impressao do escritor com uma série de eventos que começaram este ano e se prolongarao durante o ano 2000.

O principal deles, chamado Portais do Ano 2000, acontece à 0h do dia 1º de janeiro, em toda a França. Cerca de 8 mil cidades e vilas abrirao portais especialmente decorados para marcar a passagem do ano.

A maior festa certamente vai acontecer na avenida Champs-Elysées, onde foram montadas três enormes rodas-gigantes espalhadas em seus 2 km de extensao (ao todo, foram construídas 12 rodas de ferro). Cada uma delas terá diferentes atraçoes - entre as quais a representaçao dos quatro elementos (Terra, Ar, Fogo e Agua) e a apresentaçao da Companhia de Dança de Fred Bedongué e Areski Hamitouche, com 80 bailarinos - previstas para o primeiro minuto de 2000.

Além disso, a avenida mais famosa do mundo tem uma atraçao extra, que é a decoraçao de Natal. Todas as suas árvores - plátanos, com suas inconfundíveis folhas de três pontas que nesta época do ano forram o chao - foram embrulhadas e iluminadas.

A Torre Eiffel também vai comemorar a chegada do Ano-Novo com a contagem regressiva iluminada dos últimos segundos de 1999. O Arco do Triunfo, o portal da cidade, também recebeu iluminaçao especial.

Além da grande festa da passagem do ano, Paris oferece aos visitantes - e também aos parisienses - inúmeras atraçoes, como a reabertura de museus, exposiçoes especiais e eventos para todos os gostos. A programaçao faz parte do projeto Mission 2000 em France, que coordena todas as comemoraçoes referentes ao ano 2000 no país. A madrinha das comemoraçoes é a modelo Laetitia Casta, também escolhida para ser a nova Marianne (mulher-símbolo da França, representada em centenas de monumentos, pinturas, documentos oficiais e até em moedas).

O primeiro grande evento comemorativo do milênio em Paris teve início em setembro, com o Le Jardin Planétaire, no Grande Halle De La Villette, um antigo estábulo localizado no parque De La Villette, onde funcionava um matadouro. Um gigantesco jardim foi montado num galpao de 3,5 mil metros quadrados e traz uma amostra bastante inteligente e criativa do que há de mais raro e estranho no meio ambiente do planeta, como uma planta única no mundo, encontrada na Namíbia, que era muito abundante na Terra há 130 milhoes de anos. O paisagista brasileiro Burle Marx (1909-1994) tem um lugar de destaque na exposiçao. Totalmente interativo, o espaço procura mostrar que, às vésperas do século XXI, é possível um acordo entre o homem e a natureza. A exposiçao, imperdível para estudantes, vai até o dia 23 de janeiro.

Também para mostrar a ligaçao entre o homem e a natureza e, principalmente, a uniao entre o Norte e o Sul do país, o arquiteto Paul Chemetov imaginou a construçao de um meridiano verde de quase mil quilômetros de extensao, em linha reta, que cortasse a França de ponta a ponta entre Dunquerque, ao nível do mar, e Prats-De-Mollo-La-Preste, na regiao dos Pirineus Orientais, a 2,4 mil metros de altitude, com passagem obrigatória por Paris.

A idéia se consolidou e com base num velho provérbio francês no qual "em 25 de novembro, todas as sementes criam raízes". Milhares de pessoas plantaram nesse dia árvores na linha imaginária, que corta 337 cidades e vilas. O evento só vai terminar no dia 14 de julho, dia nacional em que o povo francês comemora a queda da Bastilha, ocorrida em 1789, com um gigantesco piquenique à margem dessas árvores. De acordo com os organizadores do evento, está prevista a apresentaçao de inúmeras atraçoes culturais e esportivas, além de um grande desfile aéreo, com avioes antigos e baloes.

No início de dezembro foi reaberto o Museu de Artes e Ofícios com uma exposiçao de todas as máquinas inventadas para agilizar os trabalhos humanos. No dia 1º de janeiro será a vez da reabertura do Centro Georges Pompidou, depois de dois anos em reformas, com a exposiçao Le Temps, Vite. Em abril, as Galeries Nationales du Grand Palais dao início à exposiçao Visions du Futur. O Museu do Louvre programou para abril a exposiçao L'Empire du Temps e, em maio, a mostra L'Art Primitif.

No dia 21 de junho, a primeira noite de verao no calendário francês, é a vez do PériphéRock, um grande show de música com artistas de todas as nacionalidades que terá lugar no Boulevard Périphérique, um anel de 33,5 km que circunda Paris.

A maior festa parisiense, porém, é a mesma festa revelada por Ernest Hemingway, que existe há pouco mais de 2 mil anos, quando a cidade foi fundada. O Sena, os boulevards, os cafés, os bistrôs, os restaurantes e bares, os vinhos e queijos, a atmosfera sofisticada e charmosa, os museus e monumentos, a catedral de Notre-Dame, a torre Eiffel, o Arco do Trinfo, o museu do Louvre, a avenida Champs-Elysées, Les Invalides e o metrô, entre tantas outras marcas de uma civilizaçao que influencia até hoje o comportamento mundial e que insiste em deixar na lembrança do visitante uma vontade irresistível de voltar.




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