Sabe aquela dor de cabeça chata, que parece uma série de punhaladas no cérebro e que nenhum remédio resolve? Pois pesquisadores do HC/UFPR (Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná) descobriram um possível tratamento: toxina botulínica - uma substância produzida pelas bactérias causadoras do botulismo (forma grave de intoxicação alimentar).

Liderados pelo médico Elcio Juliato Piovesan, os cientistas testaram o uso da toxina botulínica tipo A em 24 pacientes que sofriam da chamada cefaleia primária em punhaladas e monitoraram a intensidade da dor durante 70 dias. Esse tipo de dor de cabeça se manifesta de forma intermitente, com pontadas fortes em uma ou mais regiões da cabeça. É um problema de difícil tratamento e mais comum em mulheres, o que explica a prevalência do gênero feminino entre os pacientes analisados - 20 mulheres para quatro homens.

Após período de sete dias, durante o qual os pacientes relatavam a frequência, o tipo e a intensidade de suas dores, a substância começou a ser administrada. Os resultados, monitorados a cada semana, foram animadores: dos 24 pacientes analisados, três apresentaram total remissão dos sintomas; 19 relataram melhora com o uso da toxina botulínica tipo A e apenas dois não apresentaram nenhuma mudança.

"O efeito da substância começou após sete dias e continuou por uma média de 63 dias", afirmam os pesquisadores, em artigo publicado na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria.

E um dado importante: nenhum efeito colateral foi reportado pelos pacientes. Dados os resultados animadores, a conclusão de Piovesan é otimista:

"Sugerimos a toxina botulínica tipo A para ser incluída entre as opções terapêuticas para cefaleia primária localizada", defende o médico, no artigo publicado.

O pesquisador acrescenta que nenhuma das outras opções de tratamento para esse tipo de dor de cabeça mostraram resultados semelhantes.