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Definido o sucessor de Filippi
Nicolas Tamasauskas
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
02/02/2007 | 23:56
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Diadema já sabe quem será o candidato do PT na sucessão do prefeito José Filippi Júnior no ano que vem: o deputado estadual Mário Reali. Embora o chefe do Executivo não tenha dito isso textualmente, sua mais recente troca de peça no primeiro escalão deixou evidente a predileção por Reali: Lúcia Couto, até então chefe de gabinete do deputado, assumiu a Secretaria de Governo, a mais estratégica do ponto de vista político.

O parlamentar divide com o vice-prefeito Joel Fonseca a condição de pré-candidato pelo PT. Mas a palavra de Filippi tem peso fundamental na definição do escolhido. E com a entrada de Lúcia Couto na administração, Reali sai na dianteira.

Nas outras cidades do Grande ABC, prefeitos também estão mudando o secretariado: algumas trocas são para acomodar aliados e outras para que não virem potenciais adversários no ano que vem.

Em São Bernardo, o prefeito William Dib (PSB) trará após o Carnaval o vereador Carlos Maciel (PDT) para a Secretaria de Governo. Também está para definir quem assumirá a Secretaria de Educação, no lugar da demissionária Neide Felicidade.

“O grupo do Dib cresceu e não cabe mais embaixo do cobertor, então ele tem de achar um jeito de agradar os aliados”, cutuca o vereador Tião Mateus (PT).

Clóvis Volpi (PV), prefeito de Ribeirão Pires, admite a criação das secretarias de Gabinete e Segurança Pública, para ter mais liberdade em suas atividades políticas. Para isso, pretende se licenciar da Prefeitura objetivando sua campanha à reeleição.

“Isso é muito comum. Normalmente os prefeitos olham o ano eleitoral com muita atenção e antecedência, buscam cooptar outros grupos que possam rivalizar com eles nas eleições”, explica o sociólogo Everaldo Moraes, mestre em Ciência Política pela UnB (Universidade de Brasília).

Para o professor de Filosofia Política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Roberto Romano, praticamente todo governo recorre a esse artifício. “Me lembro de uma exceção, que foi a Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo (1989 a 1992). Não cuidou do aspecto político, e, com isso, não conseguiu fazer seu sucessor (o candidato na época era Eduardo Suplicy).” Ele vai além: “Um chefe de Executivo que não aposte na acomodação e articulação política para cuidar da reeleição ou da vitória do sucessor dificilmente terá sucesso.”

Na avaliação de Romano, a estratégia com foco na questão eleitoral traz prejuízos e pode levar o eleitor a “comprar gato por lebre”.

“Temos um caso clássico na Prefeitura de São Paulo. Paulo Maluf deu destaque ao secretário Celso Pitta em sua gestão, e ele acabou eleito. Foi um desastre”, lembra o professor. “O Pitta é um burocrata sem expressão política, e aliou o problema ético do Maluf com a falta de competência política.”

Contrariado, o prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), deve anunciar nos próximos dias mudança no secretariado para contemplar o PMDB, aliado em potencial no ano que vem.

O vereador de São Caetano Edgar Nóbrega (PT) entende que a mudança no secretariado – principalmente entre o terceiro e quarto ano do mandato –, na maioria dos casos, está relacionada com o pleito municipal. “Acaba sendo a última tacada do prefeito para atrair novos ou acomodar aliados políticos. Tem de ser feito neste ano para não ficar tarde demais”, explica o petista, possível pré-candidato à Prefeitura em 2008.



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