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Administrador da Funai em Dourados denuncia ameaça de morte
Do Diário do Grande ABC
30/10/1999 | 17:33
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O administrador da Funai em Dourados, o índio terena Wilson Matos, registrou queixa na Polícia Federal por estar sendo ameçado de morte. Ele explicou que vem recebendo telefonemas anônimos - "foram três, muito rápidos" - e pela voz, teriam partido de uma mesma pessoa que nao se identifica mas avisa "Você está falando muito, se cuida ou vai morrer".

O terena assumiu o cargo de chefe do núcleo da Funai há três meses e é responsável por sete aldeias dos municípios de Dourados, Caarapó e Juth Douradinha, onde vivem 14 mil índios. Desde que é administrador, além de ter desenvolvido pacificamente dinâmicas de trabalho com as lideranças indígenas, escreve uma coluna em dois jornais na regiao, artigos de interesse da comunidade em uma coluna em dois jornais na regiao.

No estado de Mato Grosso do Sul há antecedentes de mortes de lideres índigenas, como o guarani Arçal de Souza, assassinado em 1983 no município de Antônio Joao, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Marçal levou três tiros disparados por um pistoleiro conhecido como "Gamarra", que está foragido e o acusa de mandar matar o líder, o fazendeiro Líbero Monteiro, foi a julgamento e acabou inocentado. Marçal era um dos líderes indígenas que foram recebidos pelo Papa Joao Paulo II.

Wilson Matos é irmao do capitao da aldeia Jaguariru, Romao Machado. Neste mês de outubro, ele participou de diversas reunioes com as lideranças indigenas que formalizaram um tratado intertribal elaborado por representantes das naçoes indigenas do estado de Mato Grosso do Sul. Este tratado foi enviado ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal para evitar conflito na área, a aldeia Panambizinho, a 24 quilômetros de Dourados, onde há dispouta em áreas de litígio entre colonos e os índios guarani-Kaiowá.

De acordo com o admiistrador da Funai de Dourados, Wilson Matos, vence em dezembro o prazo para a soluçao do problema, conforme ficou definido na reuniao de dois dias com as lideranças vindas de 26 aldeias do estado. Pela primeira vez se reuniram lideranças das etnias Kaiowá, Kadwéu, Terena e Guarani-Kaiowá, Kiniquináua e Ofaié Xavante.

Entre os ítens do documento intertribal está a busca da soluçao para as terras do distrito de Panambi - os índios solicitam que sejam doadas à aldeia do Panambizinho. Querem ainda a demarcaçao de outras quatro fazendas, duas em Juthi e duas em Paranhos, situadas no extremo sul do estado. Os índios afirmam que aguardam uma soluçao até o dia 5 de dezembro e que depois desse prazo tomarao as terras pela força, segundo o presidente do conselho intertribal, cacique da naçao dos terena, Estevinho Tiago.

As informaçoes sao da Agência Brasil.




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