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Balança comercial do Grande ABC encerra 2014 no vermelho

Resultado é o pior desde 2000; crise na Argentina tem grande peso na queda das exportações

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/01/2015 | 07:26
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Divulgação


A balança comercial do Grande ABC em 2014 teve deficit de US$ 400,63 milhões, apontam dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Este é o pior resultado desde o início da série histórica, iniciada 2000, e o primeiro saldo negativo da região. O Brasil atingiu US$ 5,31 bilhões em exportações em 2014, contra US$ 5,71 bilhões de importações.

No decorrer de todo o ano passado, a Argentina teve a principal participação no resultado negativo da região. Com as barreiras comerciais mais intensas, o país vizinho comprou US$ 943,48 milhões a menos das empresas do Grande ABC. Isso tendo em vista que ainda detém o posto de maior comprador das sete cidades, com 38% de representatividade. Em 2013, no entanto, era responsável por fatia de 44%.

O saldo da balança, que é calculado a partir da diferença entre o valor das exportações e o das importações, em 2013 foi positivo em US$ 135,39 milhões. O montante é diferente do que o Diário publicou em janeiro de 2014, negativo em US$ 62 milhões, devido às revisões de praxe que o ministério realiza ao longo do ano nos dados.

Coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio destacou as dificuldades da Argentina como agravante ao resultado. “Na realidade, eles (argentinos) sofreram uma crise cambial no começo do ano. Após isso, passaram a adotar medidas protecionistas e encareceram os produtos de fora”, explicou.

A consequência das decisões tomadas pelos hermanos fez com que o fluxo de importações daquele país diminuísse. “O que foi muito ruim para a região.” As exportações do Grande ABC diminuíram US$ 1,46 bilhão em relação a 2013, quando as vendas das sete cidades atingiram US$ 6,78 bilhões. Somente o recuo na comercialização brasileira para a Argentina representou 64% do total da queda da região, ou seja, US$ 943,48 milhões.

No ano passado, a nação comandada por Cristina Kirchner importou US$ 2,071 bilhões do Grande ABC. Em 2013, foram US$ 3,01 bilhões.

Essa redução teve grande participação do setor automotivo da região, principalmente os caminhões, que têm alto valor agregado, observou Maskio. Exemplo disso foi a crise na fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo. A montadora reconheceu que sua produção teria que diminuir devido à crise na Argentina. Reconheceu ainda, em fevereiro, excedente de 2.000 trabalhadores, colocou em lay-off (suspensão temporária de contrato) mais de 1.000 profissionais, reduziu jornada e deu férias coletivas em dezembro.

São Bernardo conta ainda com as exportações das demais montadoras (Volkswagen, Scania, Ford e Toyota) da cidade e de vários outros segmentos, ligados ou não à cadeia automotiva, que venderam US$ 946,69 milhões a menos em 2014, com montante de US$ 3,58 bilhões. Foi o município do Grande ABC com a maior queda nas exportações na comparação com 2013.

Para o coordenador do grupo de exportação do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, José Rufino de Oliveira, a queda no comércio das autopeças da cidade afetou muito o volume total de vendas ao Exterior. “É o nosso principal produto. Os valores nas exportações de autopeças são muito maiores.”

Rufino destacou ainda que a expectativa para 2015 é um pouco mais otimista, tendo em vista que, do segundo semestre do ano passado até hoje, o dólar se valorizou frente ao real, ao se manter no patamar de R$ 2,70, e tornou a produção brasileira bem mais competitiva no mercado internacional. “Mas não representará grande crescimento porque as barreiras da Argentina continuam.” 




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