Zapatero ressaltou que a decisão é uma promessa de campanha e que em nada tem a ver com os atentados de quinta-feira, que deixaram 200 mortos e mais de 1,4 mil feridos. A Espanha, defensora da guerra no Iraque e da política realizada pelos Estados Unidos, mantém 1,3 mil soldados no Oriente Médio. “O apoio e participação da Espanha na guerra do Iraque foi um desastre” disse o novo premiê. Ele terminou seu pronunciamento dizendo que “não se pode fazer uma guerra baseado em mentiras”.

Em resposta a um jornalista que indagou sobre que medidas serão tomadas para combater o terrorismo, Zapatero disse que haverá uma extensa cooperação entre os países europeus com o apoio da própria União Européia. “Haverá uma cooperação política e de inteligência”, afirmou ele. “O combate ao terror é meu primeiro e permanente objetivo”, continuou.

Mais cedo, em entrevista à rádio Cadena Ser, Zapatero disse que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, "terão de fazer sua autocrítica". "O senhor Bush e o senhor Blair terão que fazer a reflexão e a autocrítica para que não volte a acontecer, para que não sejam feitas coisas assim, não se pode bombardear um povo por acaso", declarou o futuro chefe do governo espanhol.

A respeito da discordância da política exercida por Bush, ao contrário do que faz José Maria Aznar, atual premiê, Zapatero afirmou que “essa é a grandeza da democracia, poder discordar e opinar livremente”. Assim, ele reiterou que a Espanha manterá o diálogo com outros governos e uma relação cordial com os EUA, bem como com a ONU (Organização das Nações Unidas).

Zapatero ganhou as eleições deste domingo em uma guinada histórica três dias depois dos atentados terroristas em Madri. Até a última quinta-feira, todas as pesquisas indicavam a vitória do Partido Popular (PP), do atual chefe do governo espanhol, José Maria Aznar. O resultado da apuração garante aos socialistas 163 cadeiras no Parlamento, contra 149 do PP.

América Latina e política externa - A Espanha voltará a ser uma "ponte de diálogo" com a América Latina, afirmou ainda o líder socialista José Luis Rodríguez. "Nós temos uma força e uma tradição para sermos uma ponte de diálogo desde a Europa com o Mediterrâneo e com a América Latina", disse.

Durante a entrevista coletiva oficial, Zapatro reiterou algumas a posição. “Intensificaremos a relação com a América Latina. Trataremos os países (do continente) de igual para igual e colocaremos em prática muitos projetos juntos”, afirmou o socialista.

Sobre a política exterior que seu governo colocará em marcha, o secretário-geral do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE) disse que ela vai se basear na "recuperação dos eixos tradicionais: Espanha, América Latina e Mediterrâneo". Zapatero afirmou que sua intenção "é agilizar o mais rapidamente possível a adoção da Constituição européia". "Acho que chegaremos a um acordo rapidamente em que se possa manter um equilíbrio razoável de poder para a definição do que é a nova Europa, a Europa ampla", afirmou.

E continuou explicando que pretende recuperar a “forte e magnífica relação” com a Alemanha e a França, abaladas por conta do apoio espanhol à guerra no Iarque. “A Espanha será mais européia do que nunca. Uma Europa forte é uma garantia de estabilidade internacional. A Europa é a porta da política sábia”, disse Zapatero ao final da coletiva.

Com Agências