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Opep define preço do petróleo nesta segunda
Do Diário do Grande ABC
25/03/2000 | 16:29
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O mundo vai parar na segunda-feira à espera da reuniao da Organizaçao dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em Viena, onde o cartel decide se aumenta ou nao a oferta do produto. Há mais de um ano, quando entrou em vigor o pacto de corte da produçao, estabelecido pelo cartel e produtores independentes, como o México, o volume de óleo cru caiu aproximadamente 7%, o equivalente a 4,3 milhoes de barris diários, e os preços do barril saltaram de cerca de US$ 10, em dezembro de 1998, para US$ 32 no início deste mês.

Os estoques das naçoes importadoras caíram drasticamente, sobretudo nos países do Hemisfério Norte - onde um rigoroso inverno fez crescer a demanda por óleo para calefaçao - , pressionando os preços da gasolina e outros derivados. A alta do barril alimentou os temores de descontrole inflacionário e uma crise global, especialmente nos Estados Unidos, que vivem seu mais longo período de expansao econômica e vêm crescendo em ritmo considerado preocupante pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Diplomacia
Essa situaçao levou os Estados Unidos a pressionarem os países exportadores no sentido de ampliar a oferta. O secretário de Energia, Bill Richardson, esteve pessoalmente envolvido nas negociaçoes com países como Arábia Saudita, o maior produtor do mundo, Venezuela e México. Na sexta-feira, Al Gore, vice-presidente americano e candidato à sucessao de Clinton nas eleiçoes de novembro, conversou com o chefe de estado da Argélia, Abdelaziz Buteflika, para pedir apoio do país à proposta de aumento da produçao.

"Os Estados Unidos querem cooperar com a Argélia e os demais membros da Opep para que os preços do petróleo, sem prejudicar os interesses dos países produtores, nao comprometam os dos consumidores", disse Gore. A Argélia, que havia inicialmente se posicionado contra a ampliaçao da oferta, ao lado de Ira, Iraque, Líbia e Indonésia, anunciou que defenderá na reuniao de segunda-feira um preço em torno de US$ 25 o barril.

Bill Richardson, por sua vez, depois de se reunir na sexta-feira com o ministro de Petróleo dos Emirados Arabes, Obeid bin Saif al-Nasseri, em um último esforço diplomático para convencer o cartel da necessidade de ampliar a oferta de óleo, disse que a estratégia "quieta" de negociaçao dos Estados Unidos foi eficaz. "Houve uma reviravolta nos últimos 40 dias", disse Richardson, acrescentando que a maioria dos produtores está disposta a incrementar a produçao.

Os operadores apostam que nesta segunda a Opep decidirá abrir a torneira, mas nao se sabe quanto. Essa dúvida foi suficiente para fazer o mercado oscilar. Na sexta-feira, o preço do barril do Brent, negociado em Londres, fechou cotado a US$ 25,93, uma alta de 1,77% em relaçao à véspera. Já o preço do petróleo WTI, negociado na Bolsa Mercantil de Nova Iorque, subiu 2,45%, fechando a US$ 27,98.

Os Estados Unidos defendem um aumento de dois milhoes de barris por dia a partir de abril para evitar uma escassez de óleo nos próximos meses. Os analistas esperam que a Arábia Saudita e outros produtores importantes da Opep aumentem o fornecimento em 1,5 milhao de barris por dia, tendo em vista a referência do barril a US$ 25.

Segundo Richardson, se o resultado da reuniao da Opep nao for satisfatório para os consumidores americanos, os Estados Unidos têm várias opçoes, incluindo a utilizaçao das reservas estratégicas, o que forçaria os preços para baixo. O Congresso americano, por sua vez, estuda formas de punir os países produtores pela fixaçao dos preços.




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