Paredes de sustentação das passagens na Av. dos Estados
correm o risco de ser arrastadas pela água do Tamanduateí
A erosão nas margens do Rio Tamanduateí ameaça a estrutura de duas pontes na Avenida dos Estados, em Santo André. As paredes de sustentação das passagens cederam e correm o risco de ser arrastadas pela água. Os equipamentos recebem grande fluxo de veículos e são responsáveis pela ligação entre o Centro e o 2º Subdistrito, além do acesso ao bairro São Mateus, na Capital.
A equipe do Diário visitou as pontes acompanhada por técnicos do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e do presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC, Luiz Augusto Moretti, que constataram risco iminente de queda.
"Isso aqui pode cair a qualquer momento. A estrutura está torta e pode ser levada pela enxurrada, ainda mais agora que a época das chuvas está se aproximando", avalia Moretti. O engenheiro aponta que o excesso de peso também pode contribuir para comprometer ainda mais a passagem. Por lá passam veículos pesados, como trólebus, ônibus e caminhões.
Nas bases das pontes, é visível o estado deplorável das paredes de sustentação, que se transformaram em escombros na beira do rio. Pelos buracos, é possível visualizar a estrutura de concreto. Foi improvisada uma coluna embaixo da via que dá acesso ao Parque Jaçatuba. Na passagem sentido Centro, o asfalto começou a ceder na cabeceira da pista, o que gerou buraco profundo. Problema que já havia ocorrido em março deste ano, o que interrompeu a circulação de veículos e piorou ainda mais o trânsito na Avenida dos Estados.
O presidente da associação considera que, diante do risco de desabamento, as pontes deveriam ser interditadas imediatamente. "Para não causar tanto impacto, poderiam fechar primeiro a pista sentido Jaçatuba, que está pior, e, depois que liberar, executar a obra na outra via."
De acordo com Moretti, não é possível estimar o tempo de conclusão dos serviços. "Não dá para saber como a ponte está por baixo. Para isso, seria preciso uma vistoria ainda mais aprofundada." No entanto, o engenheiro pondera que os trincos no asfalto podem ser indicativos de que a parte inferior da estrutura também está comprometida.
Para Moretti, as prefeituras do Grande ABC deveriam investir mais em reparos preventivos nas estruturas de pontes e viadutos. "Esse é um trabalho que poderia ser feito nos domingos ou durante as madrugadas, que é quando o tráfego é menor. Mas as administrações ignoram isso e deixam para fazer a manutenção corretiva, que gera muito mais transtornos e custam mais."
O problema das pontes na Avenida dos Estados, em Santo André, parece estar longe de ser resolvido. Isso porque a Prefeitura e o Departamento de Águas e Energia Elétrica não chegaram a acordo sobre a quem compete a execução das obras estruturais.
"A manutenção das estruturas das pontes e das margens do rio é de responsabilidade do Daee", afirma a administração municipal. A Prefeitura informa que o Semasa tem procurado o departamento estadual para solicitar a realização dos serviços. O Daee, por sua vez, informa que "pontes e viadutos são parte integrante do sistema viário local e, portanto, sua manutenção e conservação são de responsabilidade das prefeituras". O departamento acrescenta que, ao contrário do que disse o Executivo municipal, não foi comunicado pela Prefeitura sobre as irregularidades existentes.
Técnicos do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia enviarão nesta semana ofício aos dois órgãos envolvidos para apurar de quem é a responsabilidade sobre as estruturas. Os profissionais, que não quiseram se identificar, confirmaram o risco de queda. Será feito relatório sobre os problemas, que será encaminhado a uma câmara técnica do conselho. Uma das decisões poderá ser a entrada de representação no Ministério Público.
Apesar de reconhecer o problema nas pistas, a Prefeitura descarta risco de queda. "Não há problemas de estabilidade, uma vez que os afundamentos do viário e passeio ocorrem nos trechos sobre o solo." A administração admite que, caso haja necessidade de interdição das pontes, os serviços serão feitos em uma pista de cada vez. O Executivo salienta que, em casos extremos de fechamento, a Metra, concessionária do trólebus, deverá substituir os veículos por ônibus a diesel e transpor o Tamanduateí por outro caminho.
O Daee iniciará em janeiro obras para recuperação de 1.200 metros de margens do rio. O investimento aplicado será de R$ 10,8 milhões. Técnicos da empresa Enpavi, que irá executar o trabalho, afirmaram que os serviços não incluem o conserto das pontes.
Desde o fim de 2010, os motoristas também sofrem com obras da Aquapolo, que constrói dutos para levar água de reúso ao Polo Petroquímico de Capuava, na divisa de Santo André e Mauá.
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