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Empresas brasileiras têm pequena participaçao em projetos do BID
Do Diário do Grande ABC
18/06/1999 | 16:10
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O Banco Interamericano de desenvolvimento (BID) tem recursos disponíveis de cerca de US$7 bilhoes, por ano, para financiamento de projetos em 28 países da América Latina, mas a participaçao de empresas brasileiras no aproveitamento desses recursos gerados é muito abaixo do que poderia ser, segundo a avaliaçao de um dos representantes do Banco no Brasil, Elcior de Santana.

"As empresas brasileiras sao extremamente competitivas no Brasil, ganham 88% dos contratos nas áreas de obras civis e equipamento, mas nos projetos em outros países capturam apenas cerca de 3% do mercado", disse Santana. Os dados sao de junho/97 a maio/99. O motivo da baixa participaçao brasileira, seria basicamente a falta de informaçao sobre como atuar nas concorrências e obter os recursos gerados pelo BID, avalia Santana.

Para corrigir essa deficiência das empresas brasileiras, a Fiesp organizou o seminário "Oportunidades de Negócios na América Latina e Caribe Geradas pelos Projetos do BID", com técnicos do banco para esclarecer dúvidas e destacar as oportunidades de negócios. De acordo com dados fornecidos por Santana, de 1961 a 1999 o BID emprestou para o Brasil US$ 20,8 bilhoes, US$2 bilhoes de junho/97 a maio/99. Desse total, US$1,6 bilhao foi destinado a financiamento de projetos de obras da construçao civil e o restante para equipamentos e máquinas.

Segundo Santana, no Brasil, o segmento majoritário na captaçao de financiamentos é o da construçao civil, especialmente a área de transportes, com 51% do total. Do tripé básico de investimentos, construçao civil/equipamentos/consultorias, este último é o menos atuante, capturando apenas 0,5% do mercado de financiamentos.

Na avaliaçao do empresário, Mário Bernardini, diretor da Fiesp e um dos organizadores do seminário, a maior deficiência do empresário brasileiro tanto nas licitaçoes nacionais quanto nas internacionais é a quantidade de impostos que incidem em cascata sobre o produto brasileiro. Segundo ele, a situaçao se agrava com o retorno da CPMF. "No Brasil, carregamos um peso que nossos concorrentes estrangeiros nao carregam e no exterior nao temos competitividade. Dificultamos a criaçao de empregos no Brasil e facilitamos lá fora", disse Bernardini.

Ele cita como exemplo da baixa participaçao brasileira na captaçao de recursos do BID a vizinha Argentina que com 1/3 do PIB brasileiro conseguem captar mais recursos. "A participaçao da Argentina na captaçao de recursos do BID para a América Latina é de 23% enquanto que a nossa é de 21%", disse Bernardini.

Além de tentar aumentar a participaçao das empresas brasileiras nos projetos financiados pelo BID, Bernardino propôs aos técnicos do banco uma mudança no perfil de atuaçao.

Ele sugeriu que a porcentagem atual de financiamento - hoje sao destinados 95% para o setor público e 5% para o setor privado - seja alterada substancialmente. "Como o setor público está encolhendo, estamos propando que o BID destine para o setor privado 50% dos financiamentos, ou o BID encolhe como o setor público ou muda o ramo de atividade", disse Bernardini.

Para o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, a inserçao do Brasil na economia internacional é inevitável, daí a importância do seminário para ajudar os empresários a encontrar novos nichos de mercado. Piva admite que as empresas brasileiras poderiam ter uma atuaçao mais forte no mercado internacional e acredita que o governo trabalha para alterar o atual cenário. "Em reuniao da Camex, na semana passada, senti que há o comprometimento do governo em diminuir a burocracia e agilizar o comércio exterior", disse Piva.




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