Criado desde pequeno pelo taxista Juarez Soares, Casemiro transformou-se, com o tempo, em uma espécie de mascote da cidade, de 10 mil habitantes. Ele era alimentado com carne fresca pelos moradores, bebia cerveja em botequins, oferecida pelos fregueses, e aproximava-se de qualquer aglomeraçao, como que para ver o que acontecia.

"Era nosso conterrâneo mais famoso, querido principalmente pelas crianças", disse o locutor Jésus Divino de Paiva, funcionário da rádio SuperFM, que fez diversas chamadas para o "funeral" do urubu, terça-feira, na praça principal da cidade. "Ele gostava de assistir aos jogos de futebol, acompanhava enterros e até na igreja já entrou", contou.

O taxista Soares suspeita de que Casemiro tenha sido morto por algum desafeto, já que parte da populaçao nao aprovava sua presença, sempre espantando e bicando os desavisados nas calçadas. "Ele foi encontrado próximo ao Parque de Exposiçoes, possivelmente depois de ser envenenado", disse.

Soares contou que, no ano passado, o urubu teve uma "perna" amputada, após ter ido visitar o município vizinho de Pimenta, onde teria sido atacado a garrafadas por um morador.

Um veterinário cortou o pé machucado e Casemiro, utilizado em 1993 como cabo eleitoral de um candidato a vereador, continuou circulando por Pains, embora com algumas dificuldades. "Ele tinha sérios problemas para aterrissar", lembrou o locutor Paiva.

Casemiro chegou a ser levado a um programa de televisao, em Sao Paulo, no qual o apresentador fez apelos para conseguir-lhe uma prótese.

Para o funeral, terça-feira, o urubu foi colocado em um pequeno caixao branco, coberto de flores, e ganhou uma homenagem de moradores, entre eles dezenas de crianças, que o enterraram nos jardins da praça principal da cidade. "Agora, vamos sugerir ao prefeito que faça uma estátua para ele", disse Soares.