O cardeal brasileiro Dom Eugênio de Araújo Sales, antigo arcebispo do Rio de Janeiro, rezou nesta terça-feira, na Basílica de São Pedro, uma das nove missas por João Paulo II.

"João Paulo II está celebrando esta mesma liturgia com todos os santos na gloriosa presença da Virgem Maria", assegurou o cardeal em sua homilia, falando em italiano, mas com um sotaque brasileiro. Dom Eugênio Sales se tornou assim o primeiro cardeal latino-americano a celebrar uma missa por João Paulo II, no Vaticano, depois de seu funeral.

Centenas de fiéis, mais de 100 cardeais e pessoas próximas ao papa como as monjas polonesas que cuidaram de João Paulo II até sua morte e seu secretário pessoal, monsenhor Stanislaw Dziswisz, prestigiaram a missa solene em memória do Santo Padre presidida pelo cardeal brasileiro de 84 anos.

Entre os fiéis havia inúmeros brasileiros. "Atrasei minha viagem de volta para assistir à missa de Dom Eugênio. É muito importante que o povo brasileiro também esteja representado no Vaticano", afirmou María Elisabete Bandeira, de Salvador (nordeste), que passa férias em Roma.

Muitos manifestaram o desejo de que o próximo papa, que será escolhido num Conclave que começa na próxima segunda-feira, seja "brasileiro ou pelo menos latino-americano". "Em meio a esta procissão de cardeais está nosso futuro papa", afirmava Marcelo Gomes, um seminarista de São Paulo que estuda em Roma.

Os sermões dos cardeais nestas eucaristias são as únicas palavras pronunciadas por eles publicamente nestes dias, já que juraram guardar silêncio sobre suas reuniões, sob pena de excomunhão.

Mas Dom Eugênio Sales, que não participará do Conclave por ter mais de 80 anos, preferiu concentrar sua homilia no elogio à figura de João Paulo II e não se referiu em nenhum momento a seu sucessor. "Foi um papa que nos ensinou a fidelidade a Jesus Cristo e o respeito à dignidade de todas as pessoas", disse.

Depois da missa, todos os cardeais e as pessoas próximas a João Paulo II desceram à cripta do Vaticano, onde o papa foi enterrado na última sexta-feira, para alguns minutos de oração.A partir desta quarta-feira, o público poderá visitar a sepultura, que certamente se tornará a nova atração do Vaticano.

Próximas cerimônias - Na quarta-feira, a cerimônia será presidida pelo arcebispo argentino Leonardo Sandri, substituto da secretaria de Estado. Na quinta, o rito litúrgico ficará a cargo do patriarca maronita da Antióquia, Pierre Sfeir Nasrallah.

Na sexta será a vez do arcebispo Piergiorgio Silvano Nesti, secretário da Congregação para os religiosos. No sábado, a missa será oficializada pelo cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estévez, prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino.