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Região fica com 3% dos recursos do 'Minha Casa'
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
13/06/2010 | 07:12
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A Caixa Econômica Federal concedeu para o Grande ABC R$ 250 milhões em crédito imobiliário, dentro do Minha Casa, Minha Vida, desde que o programa habitacional popular entrou em operação, em abril de 2009. O valor representa 3% do concedido pelo banco para todo o Estado de São Paulo (R$ 8 bilhões).

O número de contratos segue proporção semelhante ao da liberação de recursos. Foram 96 mil unidades habitacionais para a totalidade dos municípios paulistas, frente às 2.600 famílias atendidas pela iniciativa na região.

Apesar da baixa relação, as sete cidades podem incrementar sua participação no programa em breve. Isso porque a Caixa tem, sob análise, 15 mil unidades a mais para financiamento pelo Minha Casa, dos quais cerca de 5.000 são em São Bernardo.

Segundo o vice-presidente do banco, Jorge Hereda, há atualmente prioridade do Minha Casa para atender as regiões metropolitanas.

No País todo, desde o lançamento da iniciativa, o governo já computa R$ 30,1 bilhões, com 474 mil unidades habitacionais contratadas pelo Minha Casa, dos quais mais de 70 mil são para famílias com renda mensal de dois a três salários mínimos.

Hereda ressalta a importância do Minha Casa por permitir o acesso ao financiamento da moradia para pessoas que antes estavam excluídas dessa possibilidade. Ele explica que, por meio de recursos da União, a Caixa compra empreendimentos dos empresários da construção civil e subsidia famílias com até seis salários mínimos de renda.

CRÉDITO - Neste ano, até dia 8 deste mês, a Caixa já concedeu R$ 560 milhões em crédito imobiliário no Grande ABC, mais do que alcançado em todo o ano de 2008, quando foram liberados cerca de R$ 550 milhões, segundo o vice-presidente da instituição financeira. No ritmo atual, a expectativa é superar o montante de R$ 859 milhões do ano passado.

Em todo o País, a Caixa também já supera o valor de 2008. "Chegamos a R$ 28,6 bilhões em crédito imobiliário e até o fim do ano, vamos alcançar os R$ 60 bilhões. Em 2008, foram R$ 23 bilhões", citou Hereda. Em 2009, a instituição liberou R$ 47 bilhões.

Desde 2002, a Caixa ampliou em quase dez vezes o montante liberado de crédito imobiliário. O salto foi de R$ 4,8 bilhões há oito anos para os R$ 47 bilhões atingidos no ano passado.

Com isso, a Caixa, que tradicionalmente lidera no financiamento imobiliário, chegando a 73% de participação no segmento no ano passado. "Enquanto outras instituições privadas reduziram o crédito por causa da crise, nós metemos o pé no acelerador", afirmou o executivo.

Banco quer ampliar recursos para financiar habitação

O desafio para os próximos anos, segundo o vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda, é como conseguir mais recursos para financiar a habitação.

"A Caixa tem uma carteira com R$ 80 bilhões. Pensamos em uma securitização do crédito (ou seja, transformação o crédito em títulos, passíveis de negociação) e estamos trabalhando para agilizar o atendimento, por exemplo, com o correspondente bancário (como as casas lotéricas)", citou.

O banco anunciou, há poucos dias, que vai possibilitar que as lotéricas ofereçam o financiamento imobiliário, para ampliar esse serviço. Atualmente, existem 10.344 estabelecimentos desse tipo que atuam como correspondentes bancárias. A atuação no financiamento imobiliário, no entanto, será limitada: vão apenas encaminhar documentação e o comprador terá de ir até as agências.

‘Minha Casa 2' aumentará foco na baixa renda

A Caixa planeja lançar, no ano que vem, o Minha Casa, Minha Vida 2, ou seja, a continuação do programa de habitação popular iniciado em 2009, com um diferencial, segundo o vice-presidente do banco, Jorge Hereda: a ampliação do foco em famílias de zero a três salários-mínimos.

Da meta programada de alcançar 2 milhões de unidades, 60%, ou seja, 1,2 milhão de moradias serão para essa faixa de renda. Para esse público, a parcela é de R$ 50 por mês (corrigida pela Taxa Referencial) em até dez anos.

Hereda justifica a maior oferta de crédito para essa população que antes estava fora do segmento: "Para as famílias que têm renda de três salários mínimos, o subsídio da Caixa chega a R$ 23 mil. Com isso e o aumento da população empregada, muita gente entrou no mercado imobiliário. Isso também é cidadania", disse.

Em relação ao plano de alcançar a marca de 1 milhão de unidades habitacionais no Minha Casa 1, Hereda mostra otimismo.

Embora até o momento, a instituição ainda não esteja nem na metade (chegou a 474 mil), já tem mais de 800 mil em análise, dependendo de questões como a licença ambiental. "Se tivermos 1,2 milhão em análise até agosto, dá para chegar a 1 milhão",afirmou.

Só no Estado de São Paulo, a meta é chegar a 183.995 unidades. "Já temos 96 mil unidades contratadas. Com os feirões (de imóveis) conseguimos muito resultado e deveremos acelerar as contratações", assinalou.

Para o executivo, os números do PIB (Produto Interno Bruto), divulgados na última semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstram o bom momento que vive o setor da construção civil.

O segmento cresceu 14,9% no primeiro trimestre frente a igual período do ano passado, beneficiada pelo aumento do crédito para moradia. Foi mais do que a taxa de expansão de 9% de toda a economia nacional no período.

Hereda avalia que há muito espaço para crescer nessa área no País. A construção civil contribuiu hoje com algo como 3% do PIB. Ele espera que nos próximos anos esse percentual possa dar um salto para 10% a 15%, que é o patamar observado, por exemplo, no Chile.




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