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Israel boicotará audiências sobre muro de separação
Da AFP
12/02/2004 | 17:10
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O governo israelense de Ariel Sharon decidiu nesta quinta-feira boicotar as audiências da Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia, que examinará a partir do dia 23 de fevereiro a legalidade do muro de separação que Israel está construindo na Cisjordânia.

A comissão ministerial presidida por Sharon "resolveu aprovar as recomendações das equipes de especialistas, e não participar das audiências promovidas pela CIJ", informou em comunicado a presidência do Conselho.

De acordo com o informe, a comissão decidiu "se limitar ao documento escrito" de 150 páginas, entregue à CIJ pelas autoridades israelenses em 30 de janeiro, no qual deixa claro que o tribunal internacional "não tem competência para debater a questão da prevenção do terrorismo, já que se trata de um direito fundamental de Israel, o de se defender".

"A recomendação de boicote por parte de especialistas israelenses foi feita depois de um estudo da posição dos principais países, como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, Canadá, Austrália e outros que concluíram que a CIJ não tem competência neste assunto", diz o texto do comunicado.

Um total de 17 países, em maioria árabes e muçulmanos, assim como os palestinos, consideraram, no entanto, que o assunto deve ser examinado pela CIJ.

Um ministro palestino considerou que a decisão de Israel de boicotar as audiências da CIJ evidencia o fracasso em encontrar argumentos para defender a construção do muro.

O primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, atualmente em visita à Europa para mobilizar a opinião pública contra a construção do muro, obteve o apoio do Papa João Paulo II.

"A Terra Santa precisa de reconciliação e de perdão, não de vingança ou muros", declarou o Papa ao receber Qorei no Vaticano.

Edificado sob a alegação de que impedirá camicases palestinos de entrar em território israelense, o muro de separação, que devia inicialmente ser construído segundo o traçado da ‘linha verde’, que separa o Estado hebreu da Cisjordânia, penetra profundamente nos territórios palestinos para englobar as colônias judaicas.

Os palestinos, que o qualificaram de ‘muro do apartheid’, denunciam que este muro significa na prática a anexação de áreas inteiras do Estado que pretendem criar.

A Assembléia-Geral das Nações Unidas recorreu à CIJ em 8 de dezembro, depois da votação de uma resolução na qual pedia um pronunciamento sobre as conseqüências jurídicas da construção deste muro, condenada pela ONU.

A sentença da CIJ pode não ser cumprida, já que sua aplicação depende da capacidade de impor a decisão das instituições que encaminharam a solicitação.

Enquanto isto, as forças de segurança estavam em estado de alerta em Israel, depois das operações militares que mataram na quarta-feira 15 palestinos na Faixa de Gaza.

Cinco das vítimas, entre elas três ativistas da Jihad Islâmica e o filho de um líder do Fatah, o principal movimento palestino, foram enterradas na presença de milhares de palestinos que clamaram por vingança.




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