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MST promete agir contra falta de comida
Do Diário do Grande ABC
18/07/1999 | 18:38
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Quase 5 mil famílias de sem-terra acampadas entre Naviraí e Itaquiraí, no extremo Sul de Mato Grosso do Sul, estao prometendo várias açoes em protesto contra a falta de alimentos.

Segundo os líderes, há dois meses nao chegam as cestas básicas do programa Comunidade Solidária e adultos e crianças estao passando fome. Segundo o coordenador da Central Unica de Trabalhadores (CUT), Paulo Sérgio Farias, a disposiçao dos sem-terra é invadir fazendas, bloquear a Rodovia BR-163, principal corredor rodoviário da regiao, e, se tiverem oportunidade, saquear caminhoes que transportam alimentos.

Durante a semana passada, eles fizeram três tentativas de invasoes e foram frustradas com reaçao de capangas de fazendeiros. Na Fazenda Santa Cruz, em Aral Moreira, na mesma regiao, um grupo de 150 famílias de sem-terra foi repelido a tiros e um deles teve ferimento na cabeça, por bala de espingarda de pressao.

Em Ponta Pora, os sem-terra estao montando acampamento nas proximidades da Fazenda Itamaraty, propriedade do ex-banqueiro Olacyr de Morais. Eles acreditam que, até o fim de agosto, o governo federal possa decretar a desapropriaçao do imóvel. No mesmo município, os sem-terra disputam áreas com os índios guarani-caiuás, que também estao passando necessidades pela falta de alimentos.

Na localidade conhecida como Lixao, sem-terras e índios disputam espaço no acampamento, onde a Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Pora constatou que 40 índios e sem-terra estao doentes. Os sintomas que indicam pneumonia e desnutriçao em alto grau.

O ambiente é muito tenso, de acordo com o presidente regional do Movimento Nacional dos Produtores Rurais, Renato Merem. Ele adiantou que, no dia 29, vai reunir em Campo Grande pelo menos 6 mil fazendeiros, para um grande protesto contra toda essa situaçao.

Automóveis, utilitários, caminhoes, tratores, carroças e centenas de pessoas a pé percorrerao toda a área central de Campo Grande, protestando contra a instabilidade no campo.

Merem lembrou que, somente este ano, 59 fazendas foram invadiras no Mato Grosso do Sul. Ele prevê ainda que pelo menos outras 25 estao na mira dos invasores, que prometem tomar conta de cada uma delas até o fim de agosto. A manifestaçao dos fazendeiros, marcada para o dia 29, servirá de ensaio para o Encontro Nacional de Produtores Rurais, que acontece dia 16, em Brasília, ponto final do Caminhonaço, protesto que reúne produtores de todo Brasil.




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