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INSS continua liberando trabalhadores doentes
Fabrício Migues
Do Diário do Grande ABC
18/03/2007 | 19:00
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O INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) continua liberando pessoas que contraíram doença profissional para retornarem aos seus postos de trabalho. O Diário conversou com duas pessoas, que reúnem provas de que ainda não estão aptas a voltarem para o trabalho, mas que mesmo assim receberam alta do instituto.

Uma delas é a frentista Adna Gonçalves da Silva, que trabalha no Auto Posto Prosperidade, em São Bernardo. Há cerca de quatro anos o estabelecimento foi assaltado. Ela teve de correr para não ser baleada. Escorregou e no tombo quebrou os dois joelhos. O médico do posto passou um atestado comprovando e emitiu uma certificação de acidente de trabalho. Recebeu o auxílio-benefício nos últimos quatro anos. Passou por cirurgias e cerca de 200 sessões de fisioterapia, que não afastaram o problema de vez.

Só que nesta última semana, Adna, ainda caminhando com o auxílio de muletas, compareceu ao posto do INSS, em Santo André, para renovar o benefício. “Fui atendida pela Dra. Carla Regina Hata (perita do INSS). Ela não pediu laudo médico. Não leu a carta emitida pelo médico do posto, que dizia que meu problema era definitivo. Ela só olhou o raio X e mexeu no meu joelho, que está roxo. Senti muita dor. Ela me liberou e se limitou a dizer que eu estava recebendo o benefício há muito tempo. Isso é desculpa?”, revelou Adna indignada.

“Como eu vou trabalhar assim? Fico em pé o dia inteiro e manobro os carros”, contou. Adna terá de dar entrada na papelada novamente e passar por tudo de novo. Enquanto isso, ficará sem receber o dinheiro. “Tenho três filhas e minha casa precisa desse dinheiro. Não posso trabalhar. Como eu vou fazer?”, pergunta.

O outro caso é do guarda-civil Lucas Souza (nome fictício). Sua casa foi invadida por bandidos em 2006. Esse acontecimento lhe causou a chamada Doença do Pânico, na qual a pessoa sofre com crises de ansiedade e medo.

“Eu tinha que voltar no INSS a cada quatro meses para renovar meu benefício. Na última ida meu recurso foi negado porque estava com aparência sadia e queimado de sol. Ainda estou me tratando e o próprio médico da prefeitura não me liberou para voltar. Se eles querem enxugar a Previdência, que o façam de outra forma”, desabafou.

Procurado pelo Diário, o INSS não respondeu à reportagem.


 






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