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Cardeais dos EUA esperam influir na eleição do novo papa
Da AFP
04/04/2005 | 18:33
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A maioria dos especialistas católicos considera que o próximo papa não será americano, mas os onze cardeais-eleitores dos Estados Unidos pretendem exercer toda sua influência durante o conclave que designará o sucessor de João Paulo II.

Se os cardeais elegerem um papa americano, "metade do mundo pensará que a CIA organizou a eleição ou que Wall Street a comprou", estima o padre Tom Reese, chefe de redação do semanário católico 'America'.

Reese observou também que alguns cardeais americanos falam alguma coisa de espanhol, mas a maioria só fala inglês. Levando-se em conta que o papa é também "bispo de Roma", não se aceita que o escolhido não fale uma palavra de italiano ou de outras línguas, como o francês.

O cardeal de Chicago, Francis George, 68 anos, um dos onze cardeais-eleitores americanos, afirmou, por sua vez, que a eleição de um papa originário de uma superpotência "não serviria para a missão da Igreja".

No entanto, destaca Russel Shaw, ex-porta-voz da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, monsenhor George terá um importante papel durante o conclave que designará o sucessor de João Paulo II. Segundo Shaw, monsenhor George, assim como o cardeal de Los Angeles, Roger Mahony, 69 , fazem parte dos "grandes eleitores" mais influentes do conclave, os quais foram coalizões decisivas na hora de escolher um papa ou bloquear sua eleição.

Com onze cardeais em idade de votar, os Estados Unidos é o país mais bem representado depois da Itália (20 cardeais-eleitores). No total, 117 cardeais-eleitores, de menos de 80 anos, estão convocados para designar o próximo Papa.

O cardeal de Washington, Theodore McCarrick, 74, não esconde sua preferência pelo cardeal conservador nigeriano Francis Arinze, 72. "Seria maravilhoso que o Senhor nos desse essa opção", disse antes partir para Roma.

Atual presidente da Congregação do Culto Divino, uma das mais altas funções da Igreja Católica, monsenhor Arinze é um dos 16 cardeais da África e é originário de um país majoritariamente muçulmano. A imprensa americana o menciona como um dos grandes favoritos para suceder João Paulo II.

Segundo Daniel Thompson, professor de teologia da Universidade de Fordham, em Nova York, o desafio mais difícil do próximo papa será definir as relações entre o mundo católico e o Islã. Esse aspecto reforça a possibilidade da escolha de Arinze.

Confrontados com grave escândalo dos sacerdotes pedófilos, que desprestigiou a autoridade moral da Igreja Católica nos Estados Unidos, os cardeais americanos também podem se voltar para a escolha do cardeal alemão Joseph Ratzinger, o poderoso diretor da Congregação para a Doutrina da Fé. Considerado o ideólogo do Vaticano, monsenhor Ratzinger, que no dia 16 de abril completará 78 anos, denunciou recentemente as "manchas na Igreja". Essa alusão direta aos episódios de pedofilia poderá seduzir os representantes americanos, que converteram a luta contra esse escândalo numa prioridade.

"É o Espírito Santo que nos guiará no que temos de fazer", limitou-se a dizer o cardeal de Baltimore, William Keeler, 74 anos.

Todos os cardeais americanos se puseram de acordo em 1978 em torno do nome de Karol Wojtyla. Vinte e sete anos depois, no entanto, a encruzilhada é outra. O comunismo entrou em colapso, com exceção de China, Coréia do Norte, Cuba e Vietnã. Esses dois últimos países contam com um e dois cardeais, respectivamente.

Menos conservador - Os americanos desejam que o próximo papa tenha posições mais liberais sobre assuntos como contracepção, casamento dos padres e o direito das mulheres de se tornarem sacerdotes, de acordo com uma pesquisa nesta segunda-feira.

Um total de 63% das pessoas entrevistadas consideram que os padres deveriam poder se casar, e 78% acreditam que o Vaticano deveria liberar a contracepção, de acordo com um estudo conjunto de 'USA Today', 'CNN' e 'Gallup'.

Cerca de 59% dos americanos consideram que a Igreja deveria ser mais flexível em matéria de pesquisa sobre células-tronco embrionárias, e 55% desejam que as mulheres também possam se tornar sacerdotes. Ao contrário, quase 60% dos entrevistados aprovam a posição firme do Vaticano contra o aborto.

A pesquisa foi realizada sexta-feira e sábado com 1.040 adultos, entre eles 254 católicos, e tem uma margem de erro de três pontos. 




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