Economia Titulo
Hospital Brasil tem padrao de hotel
Leone Farias
Da Redaçao
15/04/2000 | 17:55
Compartilhar notícia


A realizaçao de um sonho: um hospital no Grande ABC com nível de excelência comparável ao dos melhores do país, que ofereça o melhor em recursos técnicos, qualidade de profissionais e em conforto aos pacientes. Foi assim que nasceu, há 30 anos, o Hospital e Maternidade Brasil (HMB), de Santo André.

Depois de muitas etapas e do pioneirismo em várias realizaçoes, o centro médico-hospitalar se tornou uma referência: o HMB adotou um conceito ainda pouco praticado no setor, o de hotelaria, no qual segue o padrao de um hotel cinco estrelas. Além disso, comemorou na última semana o aniversário de fundaçao em uma unidade recém-inaugurada, de 10 mil m² de área construída, na qual foram investidos R$ 15 milhoes de recursos próprios.

Mas o início exigiu muito esforço e foi marcado pela obstinaçao de dez jovens médicos, em meados de 1966. Eram eles: Arnaldo Belletato, Cícero Geraldo Carneiro, Evandro Pimenta, Fernando Freixedas, Israel Zekcer, Olver Zucoli, Rubens Awada, Suetoshi Takashima, Walter Lorenzini e Clóvis Serra. Sentindo que havia poucas boas opçoes em assistência hospitalar em Santo André, eles acreditaram que poderiam montar um hospital que tivesse como lema o alto padrao de qualidade.

"O atendimento era muito ruim na regiao. Casos mais graves nós levávamos para Sao Paulo, porque nao havia infra-estrutura nem condiçoes de atendimento por aqui. E, assim, percebemos que Santo André comportava um hospital que tivesse condiçoes iguais aos da Capital", afirmou um dos fundadores e atual diretor presidente, Suetoshi Takashima.

Assim, os dez médicos se uniram e ratearam, em partes iguais, a compra de um terreno na esquina da rua 12 de Outubro com a Coronel Fernando Prestes, em Santo André. A construçao do prédio começou em julho de 1967. Na época, eles nao tinham muitos recursos. "Nenhum de nós era capitalista. Cada um tinha boa clientela, mas capital nós nao tínhamos. Colocamos todos os recursos de que dispúnhamos", acrescentou.

No dia 8 de abril de 1970, mesma data do aniversário de Santo André, o sonho começava a se materializar, com a inauguraçao da primeira fase do hospital. Na época, eram dois andares, 30 apartamentos, duas salas de cirurgia, duas salas de parto, berçário e centro de recuperaçao. Mas os fundadores tiveram de fazer alguns sacrifícios: no fim desse ano as dívidas eram muitas e eles tiveram inclusive de hipotecar suas próprias casas para pagar os fornecedores.

Mas aos poucos o empreendimento foi crescendo e se consolidando. "Nosso sonho foi se realizando e o atendimento de alto padrao foi sendo reconhecido tanto pelos médicos da regiao quanto pela populaçao e tivemos de ir ampliando cada vez mais." Ao longo dos anos, a procura foi grande e outros cinco pavimentos foram adicionados aos dois primeiros, de modo que o HMB passou a ter 18 mil m² de área construída e 200 leitos hospitalares.

Mas a preocupaçao com a modernizaçao e o bom atendimento nao era esquecida. Um exemplo foi a informatizaçao, que chegou ao HMB em 1984, de maneira pioneira na regiao. Depois das primeiras tentativas, o hospital passou a contar, em 1992, com uma rede de 150 computadores, que possibilitaram acesso rápido a documentos e informaçoes.

Como nao era possível ampliar mais o número de pavimentos daquele prédio, surgiu a necessidade de se ter um novo bloco para atender melhor à populaçao. Em 1995, foi traçado um plano diretor, que previa o novo bloco, recém-inaugurado, com sete andares, que ampliou a capacidade para mais 100 leitos. O local passou ainda a contar com estacionamento para 450 veículos, com serviços de manobrista.

Também está previsto outro pavimento de apoio logístico, com área de 8 mil m², destinado a abrigar os setores de administraçao, manutençao, nutriçao e admininistraçao de materiais e outros. No entanto, segundo Takashima, nao há pressa nessa segunda fase, que ainda está sendo orçada. "Vamos realizar reformas no centro cirúrgico, e temos ainda outras prioridades antes de partir para a construçao do novo prédio."

O plano diretor, com o qual o HMB passa agora a ter 28 mil m² de área, nao previa ampliar muito o número de leitos, já que a estrutura ficaria muito complexa, o que poderia prejudicar o alto padrao de atendimento realizado pelo hospital, ressaltou Takashima. O objetivo é garantir a continuidade de um conceito, introduzido há dois anos, de hospital-hotel.

Por esse conceito, todos os pacientes passam a ter a seu serviço gerentes de hotelaria, governantas, tudo de melhor que uma rede hoteleira pode oferecer. "Desde a entrada no hospital até a alta o paciente tem o mesmo atendimento de hotel cinco estrelas", garantiu o diretor presidente.

"Como diz o nosso lema, queremos atender bem para que o paciente fique encantado. O resto é conseqüência", afirmou Takashima. Com isso, os resultados nao podiam deixar de aparecer. Embora sem entrar em números de faturamento, ele ressaltou que, como empresa, o êxito é inquestionável.

Na última década, o hospital cresceu em média entre 10% e 15% ao ano. Atualmente sao 28,2 mil consultas por mês e 1,2 mil internaçoes. Naturalmente, o crescimento do HMB nao podia deixar de ser acompanhado pela expansao no quadro de funcionários. Se no início eram apenas 30 pessoas, hoje sao 1,2 mil, das quais 250 médicos do corpo clínico.

Muitos dos empregados, segundo Takashima, estao quase desde a fundaçao. "Faz parte da nossa filosofia de trabalho: quando há coincidência de propósitos e as pessoas se adaptam, procuramos manter esses funcionários."

Takashima acredita que a tendência é de que o Hospital Brasil cresça cada vez mais. "Podemos aumentar os serviços e o atendimento, e devemos incorporar outras atividades, como medicina nuclear, que ainda nao temos."

Para que o HMB continue com o mesmo fôlego, os sócios fundadores, hoje apenas seis - três deles falecidos e um, Serra, afastado da sociedade -, com a média de idade entre 65 e 70 anos, começam a preparar os herdeiros. "Temos de pensar no futuro e preparar o terreno para que nosso trabalho nao se perca."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;