Ao afirmar a intençao de desempenhar um papel em um dos conflitos mais irredutíveis do planeta, Clinton só fez repetir a posiçao dos Estados Unidos, mas suas declaraçoes assumiram novamente importância a um mês de sua visita à regiao.
``Vou fazê-lo pelas mesmas razoes que nos levaram a nos envolver na Irlanda do Norte e no Oriente Médio', disse o presidente, frisando ``o perigo real' que constitui o conflito de Caxemira entre India e Paquistao, duas potências nucleares.
Clinton pretende viajar à India a 20 de março para realizar a primeira visita de um presidente dos Estados Unidos a esse país há 22 anos e nao descartou ir ao Paquistao, apesar de o país ter um governo militar.
``Clinton disse que se envolveria somente se os dois países estivessem de acordo com esta idéia, e os dois países nao estao', disse o ministro indiano das relaçoes exteriores, Jaswant Singh, afastando qualquer idéia de mediaçao de um terceiro ator.
Um conselheiro indiano para a segurança nacional, Raja Mohan, explicou que a India considerava Caxemira como um assunto interno e que Washington, alinhado sempre com Islamabad, nao está em posiçao de ser um árbitro neutro.
Depois de uma série de declaraçoes dos Estados Unidos sobre Caxemira semana passada, o premier indiano Atal Behari Vajpayee foi claro: ``Nao aceitaremos nenhuma interferência em nossos assuntos internos'. Frisou a vontade de Nova Délhi de recuperar a regiao de Caxemira sob controle paquistanês.
Do lado paquistanês, no entanto, embora nenhuma reaçao oficial fosse formulada, os analistas comemoraram a vontade de Clinton de se envolver e transmitiram o desejo que passe pelo Paquistao.
India e Paquistao disputam desde 1948 a soberania sobre Caxemira, regiao do Himalaia dividida, devido à qual travaram duas das três guerras e se enfrentaram em um conflito violento verao passado no lado indiano da ``linha de controle' que separa os dois exércitos.
Nova Délhi acusa Islamabad de entregar armas a uma guerrilha muçulmana que deixou mais de 25.000 mortos na Caxemira indiana desde 1989. Paquistao afirma que seu apoio à autodeterminaçao de Caxemira nao é senao moral e diplomático e quer revitalizar um velho projeto de plebiscito da ONU que nunca saiu.
O diálogo indiano-paquistanês está congelado há um ano e os dois países concordam dizendo que suas relaçoes se acham nos mais baixos níveis.
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