Diarinho Titulo
Por que a gente engasga?
Bruna Gonçalves
Especial para o Diário
04/10/2009 | 07:29
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


Júlia Mackert, 8 anos, de Santo André, já se engasgou com um pedaço de carne. "Estava em um restaurante com minha família. Saí correndo com a carne na boca e como não mastiguei direito, acabei engasgando." Ela tossiu muito e teve a ajuda do pai. " Ele veio correndo e começou a apertar minha barriga para que eu cuspisse a carne."

Pela boca entram ar e comida, mas cada um segue caminhos diferentes. O primeiro vai para a laringe (órgão que permite a passagem do ar para os pulmões) e o outro, para o esôfago (canal que leva alimento ou líquido até o estômago). Engasgar é sinal de que a comida ou bebida pegou o caminho errado rumo ao sistema digestivo.

Isso acontece por causa de uma falha na epiglote (pequena estrutura resistente e flexível que fica na entrada da laringe), que pode ser comparada a uma tampinha. Independentemente da nossa vontade, ela fecha quando comemos para que o alimento vá direto para o esôfago, e abre para que o ar passe pela laringe.

Quando a epiglote não funciona direito, o alimento ou líquido, que deveria seguir pelo esôfago, pega o caminho errado e vai para a laringe. Esse órgão, que não está preparado para recebê-lo, sofre irritação e provoca tosse para expeli-lo.

Em geral, a expulsão é feita pela boca ou nariz e o engasgo passa. Em casos mais graves, se for bebê, é preciso que um adulto vire-o de bruços, pressionando as costas. Em crianças, adolescentes e adultos, o ideal é que uma pessoa treinada execute uma manobra de salvamento. Tentar retirar com os dedos pode piorar a situação.

Motivo - O engasgo é comum e, em geral, acontece ao ingerir alimento ou bebida rápido demais e em grande quantidade. Para não correr o risco, recomenda-se comer com calma, mastigando e triturando bem os alimentos.

Pequenos brinquedos, clipes e materiais escolares, como borracha e giz de cera, devem ficar longe da boca. Apesar de raro, é possível engasgar com a própria saliva. (Supervisão Juliana de Sordi Gattone)

Consultoria do professor de Gastroenterologia Wilson Roberto Catapani, da Faculdade Medicina do ABC

Fique alerta com o chiclete
Apesar de o engasgo ser comum, é preciso ficar alerta. Há casos graves em que brincar com chiclete na boca pode ser muito perigoso. Um menino de 4 anos morreu por causa de um chiclete em 14 de setembro, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele saía da creche quando ganhou o doce da mãe. Ao brincar, engasgou-se. A mãe tentou retirar a goma enfiando o dedo na garganta do menino, porém, não conseguiu. Ele foi levado ao posto de Saúde, mas não sobreviveu.

Especialistas explicam que, nesse caso, o chiclete pode ter grudado na laringe, sufocando a criança. Por isso, é importante não colocar vários chicletes de uma vez na boca nem correr ao mascar um.

Verdade? - A gente sempre escuta a mãe dizer que o chiclete pode grudar no estômago se for engolido. No entanto, médicos afirmam que engolir goma de mascar sem querer não é perigoso. Isso porque é composta de produtos digeríveis, ou seja, que se dissolvem no estômago, sendo eliminados pelas fezes.

Saiba mais
Não é difícil perceber quando uma pessoa engasga. Ela começa a ficar roxa e para de respirar. Nesse caso, a primeira atitude a tomar é chamar um adulto. Caso não consiga resolver o problema, deve-se ligar para a emergência - 192 para ambulância e 193 para bombeiros.

Nunca dê tapinhas nas costas de quem engasga. Se for bebê, é necessário deitá-lo de barriga para baixo, deixando as pernas mais elevadas em relação à cabeça, e pressionar as costas. Quando ocorre com crianças, adolescentes ou adultos, realiza-se a manobra Heimlich (método de socorro no qual quem engasgou é forçado a tossir o objeto ou alimento que ingeriu ao ter a barriga pressionada). Mas atenção! Apenas profissionais da área da Saúde ou pessoas treinadas podem fazê-la.

Uma das formas de evitar o engasgo é tomar mamadeira sentado, nunca deitado, e comer devagar, sem pressa para engolir.

Consultoria de Luiz Alberto da Silva, professor de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;