Economia Titulo Crise
Volkswagen se reúne mais uma vez com sindicato

Entidade quer reversão das 800 demissões; 9.450
carros deixam de ser produzidos por conta da greve

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
15/01/2015 | 07:30
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Andréa Iseki/DGABC


Os trabalhadores da Volkswagen votaram em assembleia, ontem, pela continuidade da greve na fábrica. A decisão veio após o retorno do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre a reunião com a montadora, na tarde de terça-feira. Segundo o secretário-geral da entidade, Wagner Santana, o Wagnão, não houve consenso no encontro e o sindicato entende que só deve começar a negociar quando a companhia reverter as 800 demissões.

Hoje é o décimo dia de paralisação. Até ontem, a greve fez com que a Volks deixasse de fabricar cerca de 9.450 veículos – o equivalente a sete dias de máquinas paradas, já que não há produção no sábado e domingo.

A assembleia ocorreu às 6h40 de ontem. Quase a totalidade dos 13 mil funcionários da empresa estava presente no estacionamento em frente à Rodovia Anchieta. Às 15h, o sindicato teve outra reunião com a montadora, mas o resultado será revelado hoje, às 6h30, em assembleia com os funcionários. Mas, segundo o sindicato informou, ainda não houve avanço nas conversas.

“A nossa expectativa é a mais positiva. Mas dependemos da empresa. Se a Volks entender que deve retroceder em sua decisão, a situação pode melhorar”, observou Wagnão. No entanto, sobre o carro de som, ele deixou claro aos funcionários presentes à assembleia o pior cenário. “Já fizemos 28 dias de greve por causa de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) aqui. Por que não faríamos (uma paralisação com período parecido) pelas demissões?”

Essa foi uma das declarações que deram mais esperança ao soldador João Roberto Barquilha, 47 anos. Ele pertence ao grupo dos trabalhadores que recebeu o telegrama da Volks, no dia 5, convocando para receber orientações sobre a demissão no dia seguinte. “Estou aqui na empresa há 25 anos. Acompanhei muitas vezes casos como esse, participei, lutei, e vi várias vezes demissões revertidas. Eu não tenho dúvida que vamos conseguir desta vez também”, disse, otimista.

Barquilha, como todos os 800, tinha estabilidade de emprego prevista pelo acordo coletivo entre montadora e sindicato, que tem vigência até o fim de 2016. Além disso, ele sofre de doença do trabalho, que no jargão do chão de fábrica significa ‘sequelado’. “Tenho perda de audição por ruído e também rompimento dos tendões dos ombros”, revelou. No seu caso, há outra cláusula do trato entre entidade e Volks que prevê a estabilidade para os trabalhadores que são acidentados ou possuem doença por causa da atividade na fábrica e que não está sendo cumprida.

MANIFESTAÇÕES - Na terça-feira, dia 6, os trabalhadores decidiram cruzar os braços. Devido à postura da empresa de quebrar um acordo coletivo com um dos mais fortes sindicatos do País, os governos municipal, estadual e federal se solidarizaram com os trabalhadores. O secretário estadual do Trabalho e Renda, João Dado, já conversou com as partes, e o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, tinha agendado audiência para ontem com a Volks e o sindicato, mas cancelou, tendo em vista que a companhia abriu diálogo com a entidade.

A iniciativa, inclusive, foi tomada após manifestação na Via Anchieta ocorrida na segunda-feira, que, conforme os cálculos do sindicato, contou com o protesto de 20 mil pessoas contra as demissões e por melhores condições para o emprego no País. Funcionários da Volks, Mercedes-Benz, Ford, Scania e Karmann Guia estavam presentes.
 




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