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Dirigente do FMI está otimista com a América Latina
Do Diário do Grande ABC
23/09/2000 | 15:17
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O principal responsável pela América Latina no Fundo Monetário Internacional (FMI), Claudio Loser, advertiu neste sábado que a atual recuperaçao econômica do continente nao deve fazer os países da regiao baixar a guarda, pois há nuvens no horizonte.

Os resultados da balança comercial melhoraram e as exportaçoes cresceram 24%, mas metade deste aumento se deve à alta dos preços do petróleo, disse Loser, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental. ``Em contraste com a estagnaçao de 1999, o Produto Interno Bruto (PIB) está crescendo a uma taxa superior a 4% e a tendência é se fortalecer em 2001, com a queda da inflaçao para 8% este ano e 6% no próximo', disse Loser.

O déficit do setor público em relaçao ao PIB, que foi de 4,9% em 1999, está caindo para 2,3% este ano e deve ficar em 1,6% em 2001. A mesma tendência foi observada no déficit de conta corrente, que era de 4,1% em 1998, caiu para 2,9% em 1999, parece que vai ficar em 2,5% este ano e deve ser de 2,7% em 2001.

A balança comercial registra um superávit janeiro-julho de 9 bilhoes de dólares, comparado aos 800 milhoes do mesmo período de 1999. Estes progressos sao atribuídos a ``bases políticas e econômicas muito positivas', mas o crescimento do PIB e a alta dos preços do petróleo lança uma sombra sobre estas perspectivas, afirmou Loser.

A alta dos preços do petróleo tem um balanço positivo para a regiao a curto prazo, pois pode representar um aumento de investimentos de dois bilhoes de dólares por mês, ao beneficiar países exportadores de óleo cru e gás, como a Venezuela, México, Equador, Trinidad-Tobago, Colômbia, Bolívia e Argentina.

A longo prazo, a alta do óleo cru pode ameaçar a expansao dos Estados Unidos e do resto dos países industriais, criando pressoes inflacionárias e freando o crescimento das exportaçoes do Terceiro Mundo. ``Uma queda de 2% no PIB dos Estados Unidos, principal mercado de exportaçoes latino-americanas, poderá se traduzir em uma baixa de 0,5% a 0,75% pontos percentuais no PIB da regiao', estimou Loser.

Entretanto, o FMI nao tem uma visao catastrófica do aumento dos preços do petróleo. ``Temos que lembrar que o preço do óleo cru é hoje aproximadamente a metade do que era em 1979', disse. Se a desaceleraçao gradual dos EUA se concretizar, a economia dos outros países deve continuar se expandindo. O FMI estima que a demanda mundial crescerá 4,7% este ano, a mesma taxa de 2001, e o comércio internacional 10% em 2000 e 7,5% no próximo ano.

Os resultados da balança comercial deverao ficar 5,5% melhores, em parte por conta das exportaçoes de petróleo. Também aumentarao os preços do cobre e do trigo, mas baixarao os do café e do milho. O acesso aos mercados de capital também deve melhorar, apesar do alto custo.

Nos primeiros 8 meses do ano, 45 bilhoes de dólares títulos foram negociados, em comparaçao com os 35 bilhoes do ano todo de 1999. Aumento também está sendo aproveitado por países pequenos como El Salvador, Costa Rica e Uruguai.

Os investimentos estrangeiros diretos alcançaram 23 bilhoes de dólares no primeiro semestre, segundo o FMI, enquanto o Instituto de Finanças Internacionais, que representa a parte privada, estima que o saldo líquido dos fluxo de capital na América Latina se estabilizou em cerca de 80 bilhoes de dólares neste ano e no próximo, dissipando o efeito depressor que gerou a crise monetária de 1999 no Brasil.




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